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Influenciadoras, evangélicas e da moda

10 de janeiro de 2024

Yarla Bruna usa as redes para falar de sua vida religiosa e publicar conteúdo de moda e beleza./ Foto: Acervo Pessoal.

MODA

Look do dia” e “arrume-se comigo” são tendências nas redes sociais há um bom tempo. Hoje, cada vez mais, para parte dos usuários, as tags ganharam contornos religiosos e se transformaram em “look do culto” e “arrume-se comigo para ir ao culto”. As responsáveis são influenciadoras que cuidam da aparência externa e falam disso em suas contas, mas direcionam suas publicações para cristãs evangélicas, algumas católicas também.

Segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1990 e 2010, a proporção de pessoas evangélicas subiu de 9% da população em 1990 para 22,2% em 2010 (o recorte do Censo de 2022 não foi divulgado).

Apesar de o número de evangélicos aumentar, ainda é comum ouvir que este público seria um nicho ou que mulheres cristãs teriam um visual menos cuidadoso. “As pessoas ainda têm esse preconceito de que cristão se veste de forma brega, não sabe se vestir, não tem roupa adequada”, conta a também influenciadora Yarla Bruna (@yarlabruuna), 27.

Yarla prefere acreditar que é possível se arrumar sem perder a elegância e, ainda assim, dar testemunho de sua fé. “Eu amo quebrar esse tabu e trazer (para as redes) que, sim, nós cristãs podemos ser bem-arrumadas e nos manter firmes nos nossos princípios”, continua. Ela relata não ter dificuldade entre equilibrar a vida religiosa e a exposição nas redes, mas também se esforça em não aceitar trabalhos que possam colocar em dúvida as suas seguidoras.

“Eu abro mão (de trabalhos) porque vejo que não tem nada a ver com aquilo que eu vivo e dos meus princípios, que é influenciar mulheres em Deus à luz da palavra”, diz a jovem. “Não é só estar bonita, elegante exteriormente, mas gosto de postar meu devocional (um momento dedicado a estudar e orar) para que a gente consiga também estar bela interiormente, ser uma mulher agradável, virtuosa”, continua.

A criadora de conteúdo Thais Santos (@blogthaissantos), 29, conta que é mais comum receber comentários negativos sobre o trabalho de blogueira de moda do que de outros conteúdos. “Tem pessoas que muitas vezes não se aproximam ou tem preconceito e fazem aquele tipo de piada: ‘ah, é blogueirinha’, meio que menosprezando o nosso trabalho, achando que é um hobby”, conta. “E eu gosto muito de falar sobre beleza, de estética, cuidados com a pele e com os cabelos”.

A influenciadora Renata Castanheira, 45, começou a falar de moda para mulheres evangélicas em um blog que ela criou em 2013. O nome era o mesmo da arroba dela no Instagram, @crentechic, e a ideia era mostrar roupas e produtos que ela usava. Tudo era feito despretensiosamente, sem pensar que viraria trabalho. Nascida e criada em uma família cristã, Renata fazia o blog enquanto trabalhava em uma empresa de telefonia. “Eu continuava trabalhando e as marcas começaram a me chamar para trabalhos, até que meu esposo me falou para trocar de carreira”, lembra.