Opinião

Importar arroz: eis a questão

8 de junho de 2024

Foto: Reprodução

ALEX PIPKIN

 

Todo liberal “raiz” sabe que uma das mais básicas premissas liberais é a do livre comércio. Não poderia ser diferente. Aliás, os fatos da história econômica mundial comprovam cabalmente a importância estratégica, tanto das exportações, como das importações, a fim de gerar e acelerar o desenvolvimento econômico e social de uma nação.

O protecionismo, o intervencionismo de burocratas estatais interessados nas relações de compadrio em seus países é, indubitavelmente, um dos maiores cancros inibidores do efetivo progresso. Quando os cidadãos de uma nação são privados de comprar produtos/serviços mais baratos e/ou de melhor qualidade/produtividade, esses são compulsoriamente forçados a pagar mais caro por mercadorias de menor qualidade.

Desse modo, sobram menos recursos para as pessoas adquirirem outros produtos e serviços em seu país, afetando todo o mercado nacional e, portanto, reduzindo os empregos e o nível de investimento em uma determinada nação.

O protecionismo impõe a população comprar “pior” e, assim, diminui o poder de compra dos brasileiros, a demanda agregada nacional e, evidente, deteriora o padrão de vida das pessoas. Contudo, nessa presente situação envolvendo a importação de arroz, as circunstâncias são atípicas e muito distintas.

A maior tragédia de enchentes ocorrida no Rio Grande do Sul, impactou em quase todos municípios gaúchos, trazendo abissais prejuízos ao setor agrícola, como também à outras indústrias. Não entanto, várias entidades representativas do setor arrozeiro, já se manifestaram, confirmando que não haverá falta de arroz para fornecimento no país.

O que se vê – e o que não se vê -, é um Estado incompetente, mais uma vez, politizando questões-chave, desejando intervir nos mercados com mão de ferro, atrapalhando a vida dos empresários e das pessoas.

Neste momento crítico da economia gaúcha, o que o Estado deveria estar planejando e executando, são ações para impulsionar o crescimento da economia, ao invés de estar indo na contramão dos interesses do empresariado e do povo do Rio Grande do Sul.

A sanha intervencionista do desgoverno é tão grande, que mesmo após uma ação judicial que suspendia o leilão de arroz importado almejado pelo ex-presidiário, hoje, quinta-feira, dia 6/6, o TRF-4 derrubou tal liminar e, desta forma, manteve o leilão de arroz importado.

Nessa republiqueta rubra coletivista, a fúria e a bagunça judicial não encontram limites quando se trata de prejudicar o Estado do RS. Diferentemente da premissa basilar do livre comércio, pelo trágico contexto gaúcho, o que esse desgoverno quer, é aumentar o desemprego e prejudicar ainda mais a economia do RS. Além disso, claro, qualquer cego que pensa, sabe que devem estar contempladas no referido leilão, relações “perversas e libidinosas” por parte desse desgoverno.

É lamentável que o intervencionismo inepto e voraz de políticos e de burocratas estatais, sempre empregando uma narrativa velhaca e ideológica, a do “para o bem do povo”, de fato, esteja direcionada para lesar o Rio Grande do Sul, como também todos os demais estados e consumidores brasileiros. O livre comércio sempre é benéfico, sem dúvidas, porém, aqui a questão não é de natureza econômica.

Nessa circunstância, o que se vê é um desgoverno incompetente, ideológico, canhoto e mal-intencionado, fazendo todo o possível para afetar e dificultar a penosa recuperação do Estado dos gaúchos. Triste.

ALEX PIPKIN é doutor e mestre em Administração e Marketing. Sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros, artigos em periódicos.