Roberto Nogueira
S. PARAÍSO – Com déficit mensal de R$ 500 mil, o Hospital Gedor Silveira (HGS), de São Sebastião do Paraíso, suspendeu a internação de novos pacientes e aponta que pode encerrar as atividades.
O hospital alega que não tem recebido dinheiro dos 63 municípios do Pacto Compor, instituído após mobilização do Ministério Público (MP) no final de 2023 e que garantiu o repasse mensal de R$ 2,5 mil para a redução do déficit e a manutenção das atividades. Segundo o hospital, o repasse foi feito por um ano.
Na última quarta-feira, 30 de abril, a Fundação Gedor Silveira, mantenedora da instituição, divulgou uma nota à imprensa sobre a situação financeira do hospital e o risco de fechar as portas.
De acordo com a nota, o valor da diária repassada ao hospital permanece em R$ 82,40 desde 2018 e o custo real para a manutenção é de R$ 253 por dia.
“A Fundação Gedor Silveira, entidade filantrópica mantenedora do Hospital Gedor Silveira (HGS), vem a público manifestar, com senso de responsabilidade e transparência, sua extrema preocupação com a situação financeira que ameaça a continuidade dos serviços da instituição”, informa a instituição.
No documento, a fundação aponta que a nova diretoria, que assumiu em 30 de maio de 2022, implementou medidas estruturais e assistenciais como cumprimento integral do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o MP, que previa a readequação da capacidade de internação e a ampliação da equipe técnica. “Embora tais providências tenham gerado impacto significativo nos custos mensais, resultaram em melhorias reais na qualidade do atendimento oferecido à população”, aponta.
“Ainda em 2022, no âmbito do processo judicial n.º 1002126-71.2020.4.01.3805, a União e o Estado de Minas Gerais firmaram o compromisso de atualizar o valor da diária hospitalar para R$ 220,00, com prazo de implementação em até 90 dias. Entretanto, passados mais de dois anos, tal compromisso permanece integralmente descumprido”, alega.
Em novembro de 2023, diante do agravamento da crise financeira, a Fundação anunciou a possibilidade de encerramento das atividades.
Após o anúncio e mobilização do MP com apoio de 63 Municípios, foi instituído o Pacto Compor, com repasses mensais de R$ 2,5 mil.
“No entanto, o pacto teve vigência de apenas um ano, e, até o momento, não houve prorrogação, tampouco qualquer avanço por parte do Estado de Minas Gerais ou da União quanto à necessária atualização do valor da diária hospitalar”, alega a fundação.
Segundo a instituição, em junho do ano passado foi encaminhado aos Entes Federados os projetos de revocacionamento do hospital, elaborados com o objetivo de adequar os serviços à nova realidade assistencial e estrutural da instituição.
“Contudo, somente em 24 de abril de 2025 houve retorno formal sobre tais propostas — em um momento crítico em que a instituição já se encontrava sem fôlego financeiro para viabilizar a implementação das medidas propostas, bem como manter os compromissos e atendimentos então assumidos”, aponta.
“Atualmente, o Hospital Gedor Silveira acumula um déficit operacional mensal da ordem de R$ 500.000,00, valor que inviabiliza a continuidade dos atendimentos sem uma resposta institucional concreta por parte dos entes financiadores”, diz a nota.
A fundação também aponta que as soluções financeiras necessárias à manutenção do hospital devem ter caráter emergencial e com compromisso definitivo. “A mera adoção de medidas paliativas não será suficiente para assegurar a sustentabilidade de um serviço tão essencial à saúde pública. Caso nenhuma medida efetiva e duradoura seja implementada, a instituição poderá ser levada ao encerramento definitivo de suas atividades”, alega.
O prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Morais, disse que acompanha a situação, mas que não tinha sido informado do quadro dos últimos meses e sobre as negociações com o ente estadual e federal. Ele disse que a Secretaria Municipal de Saúde está se inteirando da situação junto aos dirigentes do hospital e que está pronto para se mobilizar e às demais lideranças no sentido de oferecer as melhores condições de funcionamento para o hospital.
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