21 de outubro de 2023
Gráfica São Francisco, fundada pelo aposentado Venino de Lima Freire./ Foto: Divulgação.
Ézio Santos
PASSOS – O setor de gráficas passa por transformações desde a revolução provocada pela internet e hoje ferramentas como WhatsApp chegam a atingir 90% do atendimento para pedidos de produtos e serviços. Mas, a internet também foi responsável pela queda de até 90% na demanda por serviços impressos, o que fez o mercado encolher. Em Passos, ao menos cinco empresas tradicionais atuam no segmento de gráfica e tipografia.
A mais antiga, com mais de 60 anos, atualizou o nome para São Paulo Gráfica e Embalagens e envia produtos para qualquer parte do país por meio de encomendas realizadas pelo site. O proprietário da empresa, Paulo Alves de Castro, filho do fundador, Zilton Freire, conta que a demanda pelos serviços impressos, principalmente de cunho comercial, diminuiu 90%.
“O processo digital tomou conta do mercado, com mais qualidade, rapidez e preço mais baixo. Tivemos que investir em maquinário moderno, utilizar também outro tipo de papel para competir no meio tecnológico. Do contrário, não imagino o futuro”, afirma.
Ultimamente, a empresa se especializou também na impressão de embalagens personalizadas para produtos como confecções, joias e artigos finos. “São produtos encomendados por comerciantes e empresários de quase todas as regiões do país. Também confeccionamos diversos tipos de rótulos adesivados para recipientes de bebidas e alimentos”, ressaltou Paulo. Segundo ele, a empresa tem seis funcionários e 90% dos pedidos são fechados via WhatsApp.
A Gráfica e Editora São Paulo é pioneira na impressão de livros, segmento que ao contrário de outras variedades dos serviços gráficos, continua crescendo. “Ainda tem muita gente sonhando ver seu trabalho dentro de uma capa e páginas cheias. Há também muita procura por revistas editoriais, fôlder e catálogos promocionais”, disse Paulo.
Outra gráfica tradicional em Passos é a São Francisco, fundada pelo aposentado Venino de Lima Freire, primo de Zilton. Diante da queda da demanda desde o final do século passado, Scheilla Santos Freire, o irmão Daniel Freire e o cunhado Carlos Roberto de Melo assumiram a direção da empresa e a produção.
“Não há como competir com as grandes empresas das cidades mais populosas. Até nós mesmos terceirizamos alguns tipos de serviços, porque não compensa o investimento em equipamentos modernos. Atendemos nossos fiéis clientes de anos e anos, além de impressos rápidos como receituários, blocos de notas e orçamentos, por exemplo”, disse.
Produtos como convites de casamento sumiram dos pedidos, afirma a empresária. “Hoje, nem se usa mais. Os noivos convidam através dos perfis dos amigos nas redes sociais. Quando usam a impressão, o material é sofisticado e só nas gráficas especializadas”, disse Scheilla.
Há 42 anos no ramo, Tarley Alves Faria administra, com dois parentes próximos, a Gráfica Santa Terezinha, que atua no segmento de impressos comerciais em offset aponta que a concorrência com aplicativos e plataformas na internet e as impressoras é muito grande.
“Hoje, existem variados programas em computadores e impressoras sofisticadas que produzem em poucas horas, milhares de anúncios, cartão de visitas, sem contar as a plataforma de design gráfico que permite aos usuários criar artes para mídia social, apresentações, infográficos, pôsteres e outros conteúdos visuais”, disse, Tarley
Segundo ele, entre os pedidos mais comuns estão ingressos, material impresso para ação entre amigos, comandas, folhetos e notas variadas e que o número de pedidos diminuiu por conta da concorrência com a internet e das dificuldades em investir em avanços tecnológicos.
“Não dá para competir com as empresas, incluindo as multinacionais. Tivemos que cortar gastos e demitir funcionários para continuar sobrevivendo. Não tem como deixar o tradicional offeset, processo em que a tinta não é impressa diretamente no material final. A maioria das gráficas do país continua assim, sem investir em tecnologia tipográfica”, aponta.