6 de fevereiro de 2025
PREVISÃO É DE INVESTIMENTOS DE R$ 91,4 BILHÕES EM 5,5 MIL QUILÔMETROS DE ESTRADAS E DE R$ 99,7 BILHÕES EM 1.708 QUILÔMETROS DA FERROVIA DE INTEGRAÇÃO CENTRO-OESTE (FICO) E DA FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE (FIOL) / Foto: Reprodução
BRASÍLIA – O governo federal planeja realizar nove leilões para a concessão de rodovias para a iniciativa privada e um leilão para ferrovias este ano.
De acordo com informações da Agência Brasil, a previsão é de investimentos de R$ 91,4 bilhões em trechos que totalizam 5,5 mil quilômetros de estrada de Norte a Sul do país e de R$ 99,7 bilhões em 1.708 quilômetros da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
Na área portuária, as concessões e arrendamentos devem gerar R$ 20 bilhões em investimentos em 50 empreendimentos como canais para navegação comercial e terminais marítimos e hidroviários em todas as grandes regiões.
Essa infraestrutura atende à demanda de escoamento da produção agropecuária. Para a produção de grãos da safra 2024/2025, a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que haja recorde e que sejam necessários deslocar 322,47 milhões de toneladas. Se for considerada a produção de cana-de-açúcar, celulose, frutas e carnes, o volume a ser transportado ultrapassa 1,250 bilhão de toneladas.
Os números foram apresentados nesta quarta-feira, 5, em Brasília em cerimônia de anúncio de medidas para o escoamento da safra de grãos 2024-2025. Pelo terceiro ano consecutivo, o evento reuniu os ministros Carlos Henrique Fávaro (Agricultura e Pecuária), Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Na avaliação do ministro Fávaro, os investimentos asseguram o escoamento da produção. “Às vezes, a gente fala que a nossa infraestrutura logística é precária, é ruim, é deficiente. Isso, me perdoem, é síndrome de cachorro vira-lata. Se não fosse eficiente, nós não estávamos ganhando tanto mercado”, disse. “A gente suporta exportar, porque a gente tem infraestrutura”, disse Renan Filho.
Para Silvio Costa Filho, “o agro brasileiro cresce e puxa o crescimento da infraestrutura. O inverso também é verdadeiro. A infraestrutura melhora e facilita o crescimento do agro.”
Os ministros assinalaram que os investimentos na infraestrutura incrementam as condições de trabalho das pessoas ocupadas nos setores de logística, como os caminhoneiros.
Segundo o Ministério dos Transportes, o índice de conservação da malha rodoviária melhorou inclusive em estados da Amazônia Legal, onde a circulação rodoviária é historicamente apontada como crítica em estados como Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Rondônia.
Em 2024, 83% dos trechos monitorados no chamado “Arco Norte” foram considerados “bons”, percentual acima do verificado em 2022 (52%).
Greve de caminhoneiros
Lideranças de caminhoneiros (transporte autônomo) prometem se reunir no próximo sábado, 8, no Porto de Santos (SP) para discutir a possibilidade de greve. Em princípio, a razão para a paralisação seria o recente aumento do preço do diesel.
O governo tem tentado dissuadir os caminhoneiros de fazer greve. Em entrevista coletiva na semana passada, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva salientou que não autorizou o aumento. “Quem autoriza aumento de petróleo e derivados é a Petrobrás. Aprendi isso há muito tempo.”
A paralisação também pode ter como pano de fundo a insatisfação das empresas de transporte rodoviário de carga com a decisão do Supremo Tribunal Federal que em 2023 declarou inconstitucionais 11 pontos da Lei dos Caminhoneiros (Lei 13.103/2015), que afetam, por exemplo, a jornada de trabalho, pausas para descanso e o repouso semanal dos motoristas profissionais.
A decisão do STF teria caráter retroativo e poderia gerar impactos trabalhistas. Em agosto do ano passado, confederações empresariais entraram com recurso na Corte para que modulasse a decisão tornando os efeitos válidos a partir da declaração das inconstitucionalidades.