ATAÍDE VILELA

De acordo com engenheiros especialistas em projetos de rodovias com os quais tive oportunidade de conversar sobre este tema recentemente, forma-se uma verdadeira “garganta” no trecho entre compreendido entre os Km’s 368 (Itáu de Minas) e 331( trevo de bifurcação para Alpinópolis) da MG-050 – via com cobrança de pedágio há anos. Garganta em rodovia – significa ocorrência de gargalos com muitos pontos críticos na via, justamente por isto onde acontecem ou têm muitas possibilidades de ocorrer acidentes graves com seus usuários.

Existem estudos sobre pontos críticos de rodovias no país que são publicados anualmente por revistas especializadas. Nestes estudos busca-se sempre soluções e intervenções técnicas em rodovias com “gargantas ou gargalos” com o objetivo reduzir e/ou eliminar estes chamados pontos críticos, evitando assim a ocorrência de acidentes e poupando vidas de seus usuários. Este é o sentido de se buscar e lutar por melhorias em nossas rodovias, especialmente nas que já são pedagiadas como é o caso da MG-050.

Podemos citar o exemplo do deputado estadual Cleitinho (não sou seu eleitor e nem tenho procuração para falar em seu nome) que representa muito bem a população de Divinópolis e se destacou por sua luta incansável contra a falta de ação da concessionária Nascentes das Gerais na MG-050. Em diversas audiências públicas este como deputado estadual questionou a concessionária sobre importantes falhas na execução de obras na MG-050. É o mínimo que se espera de um bom deputado estadual como representante político de uma região como a nossa. Como seria bom se tivéssemos um deputado estadual, federal e senador com este perfil para nos representar em nossa região!  

 As principais indicações destes estudos visam reduzir os potenciais riscos da existência dos pontos críticos observados, de modo a contribuir para a melhoria das condições das rodovias do país, para a segurança dos usuários e para o desempenho do setor transportador. Elas envolvem a necessidade de: a retomada dos investimentos nas rodovias; a priorização dos investimentos na solução de pontos críticos; as ações imediatas de sinalização dos locais de ocorrência dos pontos críticos; o adequado gerenciamento das rodovias para manutenção das condições de circulação e prevenção do surgimento dos pontos críticos; os projetos construtivos adequados e a fiscalização do tráfego com sobrepeso.

Acredito que muitos destes pontos críticos apesar de muitos anos de cobrança de pedágio nesta importante rodovia que é a MG-050 continuam existindo sem nenhuma ação efetiva e adequada para eliminá-los, seja pela falta ação das concessionárias responsáveis que que já passaram pela sua administração assim como pela omissão na fiscalização de nossos representantes políticos da região: deputado estadual e deputado federal majoritários desta região e nosso senador da República. A falta de ação conjugada com a omissão é o retrato de tantos acidentes que frequentemente acontecem nesta chamada “garganta” do Km 368 até o Km 331 da MG-050 – como o recente acidente próximo a ponte do ribeirão Bocaina (mais um com vítima fatal divulgado por este jornal e mídias) e outros casos antigos como o que vitimou dois médicos de Furnas em veículo Chevette há mais de 30 anos atrás. Até quando vamos assistir a estes acidentes que poderiam ser evitados? Bastaria uma pequena alteração neste projeto que está para ser executado e que poderia ser construída uma nova ponte, sendo mantida a antiga ponte para acesso ao posto/restaurante e até a JBS. Com pequeno acréscimo no orçamento para execução desta intervenção na MG-050 de aproximadamente 30 a 40 por cento no projeto que que está previsto este gargalo do ribeirão Bocaina até a JBS seria resolvido e muitas vidas poderão ser preservadas daí para frente.

Imaginem com ficará este trecho onde se forma essa verdadeira “garganta” daqui para frente com aumento cada vez maior de fluxo de carretas e bi-trem´s com previsão em breve para receber mais 600 carretas por dia (média de 1 carreta a 1,0 minuto), considerando que estas transitarão apenas em horário com luz solar nesta via, além é claro da expressiva circulação de veículos com turistas do país inteiro que estão vindo para conhecer nossos belos circuitos turísticos de nossa região. É o que podemos chamar de tragédia anunciada. Se nada for feito para melhorar e corrigir o traçado da MG-050 em nossa região, infelizmente será cada vez maior acidentes acontecendo com vítimas fatais no trecho desta “garganta” – que vai da ponte do rio Santana (Itaú de Minas) passando pelo ribeirão Bocaina (Passos), ribeirão Conquista (próxima do pedágio) até a bifurcação do acesso a Alpinópolis. É preciso planejar melhor e resolver de forma urgente esta “garganta” na MG-050.

Bom mesmo seria que não acontecessem acidentes em nossas rodovias. Seria bem mais confortável para os familiares de vítimas em acidentes de rodovias como a MG-050, se soubessem que os acidentes com seus entes queridos não tiveram qualquer relação com alguma deficiência ou falta de segurança da via. Mas, infelizmente não é este o nosso caso.

ATAÍDE VILELA, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016.