Leonardo Pedro
PASSOS – O caos financeiro nos dois maiores clubes de Minas Gerais ultrapassa novos níveis a cada ano. Segundo estudo realizado pela consultoria Sports Value, Atlético (R$ 1,57 bilhão) e Cruzeiro (R$ 1,05 bilhão) lideram o ranking nacional de maiores dívidas do futebol, após o fim da temporada de 2022.
De acordo com o levantamento, o valor da dívida atleticana é fruto de um investimento pesado no futebol do clube sem que as receitas subissem o suficiente para o controle. Para financiar as contratações, o Galo usou empréstimos que chegam a mais de R$ 800 milhões (R$ 575 milhões a curto prazo e R$ 268 milhões a longo prazo).
Foram necessárias apenas três temporadas para a dívida ultrapassar o bilhão. Em 2019, o Alvinegro devia R$ 756,6 milhões. No ano seguinte, aumentou para R$ 1,23 bilhão. Em 2021, período da conquista do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, o clube encerrou o ano devendo R$ 1,31 bilhão. E no último ano fechou em R$ 1,57 bilhão.
Com mais de R$ 1,5 bi em dívidas e queda de 20% do faturamento de 2021 para 2022 (R$ 538 milhões em 2021 para R$ 429 milhões em 2022), a provável solução é a transição para Sociedade Anônima de Futebol (SAF).
Cruzeiro
Com R$ 1,05 bilhão, o Cruzeiro é o segundo clube mais endividado do país, mas caminha gradativamente para a redução do valor. Após a compra da SAF por Ronaldo, o clube adotou uma política de austeridade e grandes cortes de gastos.
Assim, a Raposa diminuiu o aumento da dívida anualmente (cerca de R$ 600 milhões de 2020 para 2021 contra cerca de R$ 300 milhões de 2021 para 2022). Em 2019, ano do rebaixamento, a equipe celeste devia R$ 799,1 milhões. Em 2020, o valor chegou a R$ 962,6 milhões. Nos dois últimos anos de Série B aumentou para R$ 1,02 e R$ 1,05.
O rombo deixado pela administração durante a segunda parte da última década ainda impacta bastante o clube. São mais de R$ 230 milhões em contingências, sem contar outras questões trabalhistas e fiscais.
Atualmente, o maior desafio do Cruzeiro é expandir suas receitas. Em 2019, último ano do clube na Série A antes do rebaixamento, a receita foi de R$ 289,4 milhões, enquanto o valor em 2022 foi de R$ 155 milhões.