BELO HORIZONTE – Estudo da Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Belo Horizonte, prevê incorporação de medicamentos como implantes biodegradáveis na área de saúde ocular no Sistema Único de Saúde (SUS), que têm alto custo e escassez no mercado.
Segundo informações da fundação, a instituição, por meio da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) tem, entre suas linhas de pesquisa, a de sistemas implantáveis para aplicação ocular, que atua no desenvolvimento e avaliação clínica de implantes poliméricos biodegradáves para aplicação no tratamento de doenças do segmento posterior do olho, como degeneração macular, uveíte, retinopatia, entre outras.
Ainda de acordo com a Funed, o grupo de pesquisa, coordenado pela pesquisadora e diretora da DPD, Sílvia Ligório Fialho, atua desde 2002 no estudo dos implantes, cujo método desenvolvido resultou na patente “Formulação farmacêutica para administração intraocular de fármacos e processo de obtenção”, concedida em 2020. O grupo vem atuando em projetos subsequentes que avançam em seus resultados, permitindo conhecimento e maturidade tecnológica na área.
A fundação também informa que esses projetos já alcançaram um elevado nível de maturidade tecnológico e, atualmente, três produtos utilizando essa plataforma já possuem estudo clínico realizado, sendo o implante de dexametasona, utilizado em dez pacientes para tratamento de edema macular associado a oclusão de veia da retina, com resultados satisfatórios e sem ocorrência de efeitos adversos; o implante de clindamicina, que demonstrou redução da inflamação e cicatrização da lesão retinocoroidal, sem a ocorrência de efeitos adversos em cinco pacientes; e o implante de acetazolamida, utilizado para edema macular cistoide, com resolução completa da perda de visão inicial.
Para dar continuidade aos trabalhos já realizados, o grupo agora submete projeto em que propõe a avaliação pré-clínica de implantes biodegradáveis contendo dexametasona associada a nitazoxanida, visando obter um efeito sinérgico no tratamento da toxoplasmose ocular pela diminuição da inflamação causada pela uveíte infecciosa; e ação contra as formas taquizoíta e bradizoítas do parasita, reduzindo a possibilidade de surgimento de recidivas e possíveis casos de cegueira.
“Esperamos, com esses estudos, ter dados suficientes que possam garantir a futura incorporação desses medicamentos no SUS, pois o custo atual do medicamento disponível (implante de dexametasona) é muito alto e os demais existentes não estão disponíveis no mercado”, explica Sílvia Fialho.