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Francisco o Papa Humanista

Foto: Reprodução

Somar muitos anos no tempo tem suas vantagens e desvantagens. Das vantagens faz de você uma testemunha ocular da história e das desvantagens a pior de todas é a perda de muitas das pessoas queridas que passaram pela nossa vida. E perceber a realidade de que o seu tempo está vencendo. Faz parte da vida e felizes são aqueles que têm muita história para contar em razão do privilégio da longeva existência. Essa introdução é apenas para dizer aos leitores que faço parte desse privilegiado grupo de longevos e que vi e vivi em grandes momentos e acontecimentos, posso afirmar com certeza, nas últimas oito décadas da história mundial e do Brasil em especial. Aos sete anos, em 1945, ouvi pelo rádio na casa da pensão do meu avô Chico Ribeiro, o anúncio do fim da 2ª Guerra Mundial. De lá para os dias atuais sempre acompanhei com atenção os fatos históricos relevantes. Hoje estou vendo e me comovendo com mais um grande fato histórico do século XXI, a morte do Papa Francisco que deixa um grande legado de vida e de bons princípios para a humanidade.

O Papa Francisco ao comentar sobre a velhice, defende que o termo “velho” seja resgatado com orgulho. Para o papa falecido na semana anterior, entre tantas belas e profundas reflexões escreveu; “ é preciso romper com a ideia de que envelhecer significa ser descartado. “Dizer ‘velho’ significa, em vez disso, dizer experiência, sabedoria, conhecimento, discernimento, reflexão, escuta, lentidão… Valores dos quais tanto necessitamos!”. O Papa Francisco infelizmente partiu deste mundo, mas deixou em seu curto pontificado uma passagem de marcante presença ao abordar os temas mais sensíveis sociais, políticos e econômicos em defesa dos pobres, dos excluídos e oprimidos deste mundo. Ao escolher o nome “Papa Francisco” foi em homenagem a outro católico que fez de sua vida a opção em defesa dos pobres e assumiu ele mesmo a condição de pobreza, Francisco de Assis.

Em geral, as práticas caridosas obedecem a princípios e preceitos ditados pela fé religiosa. Os exemplos da prática da caridade são realizados tanto por indivíduos como por instituições e organizações religiosas e não religiosas tornando-se assim em um sistema assistencialista e não há como negar que se trata de ações proativas humanitárias. A caridade e o assistencialismo, embora relacionados, diferem em seus objetivos e abordagem. A caridade, muitas vezes com base na fé e na compaixão, visa o bem-estar individual do próximo, enquanto o assistencialismo, mais amplo e sistêmico, busca atender a necessidades sociais com foco em soluções paliativas e temporárias. Tanto a caridade quanto o assistencialismo podem ter um impacto limitado e temporário, mas também podem gerar dependência. Em razão deste dilema milenar com soluções paliativas surgiram grandes pensadores gerando ideias e pensamentos voltados para ações mais concretas visando um mundo melhor com mais justiça social, mais solidário e humano. E tal conceito filosófico deu origem ao que hoje chamamos de humanismo.

O Humanismo foi movimento intelectual difundido na Europa durante a Renascença, século XVI, e inspirado na civilização greco-romana, que valorizava um saber crítico voltado para um maior conhecimento do ser humano e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana. O humanismo é um posicionamento de
vida democrática e ética, que afirma que os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às suas próprias vidas. O humanismo não se confunde com religião, no entanto pode existir religião ou religiosos que além da fidelidade em suas crenças, agregam também princípios humanistas. Sito aqui para terminar um
pensamento do grande humanista Papa Francisco. “Pensamos que a educação seja um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história.”

Esdras Azarias de Campos é Professor de História

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