19 de março de 2024
Confirmado, Ruy Castro participa de debate e da conferência "A crônica nossa de cada dia", em Poços./ Foto: Arquivo FM.
LITERATURA
A 19ª edição do Festival de Literatura de Poços de Caldas (Flipoços) promete transformar o Centro Histórico do município, em uma grande vila literária. O evento, tradicional no estado, cresceu tanto que já não cabia mais nos limites do Espaço Cultural da Urca, onde foi realizado no último ano. Para contornar o problema, a solução foi apostar nas ruas.
O Parque José Affonso Junqueira, na região central da cidade, foi o local escolhido. Durante nove dias, de 27 de abril a 5 de maio, o local abrigará estandes de venda, mesas de debates e atividades diversas que englobam diferentes vertentes da literatura brasileira.
“A questão da vila surgiu porque a feira de livros, até o ano passado, era feita em um local fechado. Era uma coisa padrão da tendência no país. Desta vez, faremos tendas individuais para as editoras e livrarias. Com decoração cênica, queremos trazer essa sensação de tranquilidade do interior, de aconchego e de algo um pouco mais devagar do que o que a gente tem vivido nessa vida louca”, afirma a diretora do Flipoços, Gisele Corrêa.
“A ideia é que a gente faça um aproveitamento, de forma muito harmônica, dessas belezas naturais do Centro de Poços. Queremos agregar ainda mais valor à riqueza natural que dispomos aqui”, acrescenta.
Em 19 anos de história, o Flipoços já recebeu grandes nomes da literatura nacional, entre eles: Ariano Suassuna (1927-2014), Rubem Alves (1933-2014), João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), Adélia Prado e Ferreira Gullar (1930-2016).
“Fazemos um festival aberto, plural e apartidário, que busca contemplar todas as formas de pensamentos. Então, nós não ficamos presos, especificamente, a um tema”, explica Gisele.
Segundo a diretora, o evento deste ano, entretanto, tem como linha central as crônicas. “Mas nós continuamos, desde sempre, fazendo aquilo que é o nosso principal objetivo: atrair cada vez mais pessoas para o universo da literatura. E só conseguimos fazer isso se dermos opção de espaço para as pessoas conhecerem as obras em sua mais vasta diversidade”.
Em um palco em formato de coreto, tradicional em cidades do interior de Minas, o festival receberá Ruy Castro, autor das biografias “O anjo pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues” (1992), “Estrela solitária – Um brasileiro chamado Garrincha” (1995) e “Carmen – Uma biografia” (2005).
Mineiro de Caratinga, o escritor, jornalista, biógrafo e imortal da Academia Brasileira de Letras, de 76 anos, visita a feira em duas ocasiões: 4 de maio, às 19h, quando acontece a conferência tema do festival: “A crônica nossa de cada dia”, no Palco Coreto Cultural; e em 30 de abril, também às 19h, na mesa de debate “Crônica: um gênero caleidoscópico”.
No debate, Castro terá a companhia dos cronistas e finalistas do Prêmio Jabuti 2023 Julián Fuks, autor de “Lembremos do Futuro, crônicas do tempo da morte do tempo”, Sophie Ganeff, de “As vozes da minha cabeça, e Cristiana Rodrigues, de “Vastidão”.
Outro destaque da mesa, é o lançamento do livro “Mãos de Deus – biografia autorizada do padre Júlio Lancellotti”, de Luiz Eduardo de Carvalho, que acontece simultaneamente ao debate.