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Famílias lutam na Justiça por medicamento à base de canabidiol

22 de abril de 2023

O medicamento pode chegar a R$2,25 mil./ Foto: Reprodução.

Luciene Garcia

PASSOS – Famílias de Passos acionam a Justiça para tentar garantir o fornecimento de canabidiol, substância encontrada na Canabis e que é utilizada como medicamento, para tratamento de doenças. O medicamento pode chegar a R$2,25 mil.

Na Câmara dos Deputados tramita um projeto para incluir o canabidiol na lista de medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O governo do estado de São Paulo sancionou, em janeiro deste ano, projeto aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) que institui a política estadual de fornecimento gratuito de medicamentos à base de canabidiol.

Enquanto aguardam a tramitação do projeto em Brasília, famílias têm se virado como podem. É o caso de Andréa da Silva, que pretende entrar na Justiça Federal para garantir que o filho Ezequiel, de 8 anos e sofre de cinco síndromes que prejudicam a fala, locomoção e respiração, tenha acesso ao medicamento.

Segundo ela, o filho não anda, não fala e respira por aparelho. O remédio é uma tentativa para evitar a ocorrência de crises, melhorar a qualidade de vida e prolongar a vida da criança.

Meu filho perdeu a ajuda do governo federal tem um ano e quatro meses. Disseram que é por causa do meu marido, que ganha R$ 1,7 mil trabalhando na usina. E aqui em casa somos em cinco pessoas. Estou lutando na Justiça para reverter a situação”, conta a mãe.

Karina Alexandrina Arrais, 33 anos, mãe de Isabella, de 8 anos, já conseguiu na Justiça Federal, em fevereiro deste ano, o direito de ter o remédio de graça, mas até o momento, continua sem o fornecimento do medicamento.

Karina afirma que a dose inicial daria pra dois meses, mas a intenção e ir aumentando e tirando as medicações que e filha toma, porque já está num nível tóxico para o organismo, tendo muitos efeitos colaterais e interações medicamentosas.

Ela precisa de cuidados intensivos 24 horas, troca de fraldas, medicações, aspiração das vias aéreas, uso de oxigênio domiciliar, checar diariamente os níveis de saturaçâo e batimentos cardíacos, e preparo da dieta especial que ela faz uso. O gastos mensais da Isabella são com fraldas geriátricas, produtos de higiene como pomadas, pomadas para curativo da gastrostomia, bombinhas de asma, que não são fornecidos, lenços, remédios para refluxo, anticonvulsivos, vitaminas, sondas de aspiração, seringas, flaconetes de soro fisiológico, produtos para esterilização de objetos como aspirador das vias aéreas e extensores de gastrostomia, por exemplo. E ela está internada na UTI da Santa Casa de Misericórdia novamente por broncoaspiração”, conta a mãe, que, assim como Andréa, fica impossibilitada de trabalhar por causa dos cuidados com a menina, o que dificulta ainda mais a compra do canabidiol.

Para o presidente da Comissão de Saúde e Ação Social da Câmara de Passos, Francisco Sena, deveria haver uma política de fornecimento de medicamento mais justa.

“Vários municípios e estados têm avançado com a aprovação de programas ou políticas públicas para o fornecimento destes medicamentos à base de canabidiol para incluir tais medicamentos entre os assegurados pelo SUS. O município de Passos e o Estado de Minas Gerais precisam, também, criar políticas públicas para atender esses pacientes que necessitam do medicamento”, afirma.