DÉCIO MARTINS CANÇADO
Uma das coisas mais importantes, atualmente, é aprender a refletir sobre si, e a respeito da vida de um modo geral, levando em conta o passado, o presente e o futuro, tendo como referência as questões sociais, familiares e profissionais que nos envolvem, aprisionam, desgastam e nos fazem sofrer. Mas há outra forma de se conviver com isso tudo. Veja só.
“Hoje reparei um pouco mais na pessoa refletida no espelho. Fiz uma séria constatação: ‘Eu sou idiota’! Isso mesmo, idiota. Mas não pense que tenho vergonha disso.
Nos dias de hoje, ser idiota é privilégio. Os ‘idiotas’ de hoje são aqueles que conseguem sorrir mesmo quando a dor aperta. São aqueles que ainda dizem: ‘Eu te amo’, olhando nos olhos; que valorizam abraços e gostam de andar de mãos dadas.
Idiotas são aqueles que creem num sentimento sincero, que ainda esperam encontrar um amor perfeito, que escrevem e leem poesias e que mandam flores.
São românticos, mas não se envergonham disso. São aqueles que se permitem chorar quando a dor machuca, quando o amor se vai ou o filme emociona. Cantam músicas de amor como se fossem hinos, mesmo porque, para seus corações apaixonados, realmente são.
Idiotas são sentimentais. Magoam-se com a menor das brigas e lutam pela reconciliação. São aqueles que não ligam para o que os outros dizem; eles se dão por completo.
Idiota é aquele que pede desculpa mesmo tendo razão, que pede licença, que dá bom dia, boa tarde, boa noite. Que pergunta “como vai?”, “precisa de alguma coisa?”, “tá tudo bem?”. É aquele que não esquece do amigo que não dá mais notícias; é aquele que se lembra da infância e comemora o quanto foi bom.
É aquele que ri de si próprio, que brinca de descobrir desenho em nuvem, que anda descalço e toma banho de chuva. Que chora por briga de amor e que, a cada briga, acha que o mundo acabou, mas que logo perdoa.
É aquele que, mesmo neste mundo corrompido, insiste em ser sincero e honesto. Que estende a mão para ajudar quem for, que faz o bem sem olhar a quem.
Idiotas se preocupam, arrumam-se e se enfeitam para ver a pessoa amada. Querem estar sempre belos, nem que seja só para se olhar no espelho.
Divertem-se. Têm amigos. Amam. São felizes…
Seja um Idiota. A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Se a vida, normalmente, já é um caos, por que fazermos dela um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia a dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de ‘idiotice’. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho para tudo, soluções sensatas, sempre, mas não consegue rir quando tropeça? Aprenda a rir disso tudo que você só terá a ganhar.
É legal ser alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor ideia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema ou chupa um sorvete?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso. Se a realidade já é ‘dura’, piora se for ‘densa’. E poderá ser bem ruim. Brincar é legal. Esqueça o que te falaram sobre ser adulto. Aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço; Pule corda, renove-se!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida – e esse é o único “não” realmente aceitável. Teste essa teoria. Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir… Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e… Que tal um cafezinho gostoso agora?
Segundo Charlie Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios… Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos…”
Depois disso tudo, eu te pergunto: Vale ou não a pena ser ‘idiota’? Garanto que vale!!!”