“A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser. ” – Sócrates
As gritantes contradições apresentadas pelos gestores públicos entre o que disseram nas campanhas eleitorais e suas promessas mirabolantes ou mesmo a presença quase que histérica nas redes sociais, certamente assessorados por marqueteiros que os treinam até mesmo com a poderosa linguagem corporal, conduzem a todos aqueles que mesmo não atuando, pensam a política, a adotar uma postura crítica, apontando aquilo que o poder dos “patrocínios” impede que seja divulgado pela imprensa.
Nesta missão, nem sempre agradável, me deparo com o Sr Luiz Silva adotando um slogan de “união e reconstrução” e ao mesmo tempo se mostrando obsessivo em desmerecer seu antecessor ou mesmo quem milita nas trincheiras oposicionistas. Ao mesmo tempo que fala em transparência, está hoje a trabalhar, usando de expedientes não republicanos das emendas secretas, que a mídia militante mudou para emendas de relator, para tentar evitar que Congresso Nacional instale uma CPMI da catástrofe do dia 08 de janeiro.
Ora, se o ato insano foi praticado por militantes radicais de direita, fica espantoso ver o Sr Luiz lutar com todas as forças do poder, para que nada seja investigado, despertando todo tipo de suposição de qual seriam as verdadeiras razões para tal. Embora o festival de incongruências produz uma extensa lista, mas, neste minifúndio de papel, conseguirei pontuar algumas.
Sr Luiz Silva afirmou que não seria candidato à reeleição e agora muda tudo admitindo nova candidatura, promete ganhos reais do salário-mínimo e concede míseros 18 reais de aumento, sem dizer que assalariados de até 5 salários seriam isentos de Imposto de renda, mas que na verdade, hoje quem recebe pouco mais de 2 mil reais estará nas garras do leão.
A escandalosa promessa esquecida da famosa picanha com cervejinha, é um esquecimento perdoável, quando após tando estardalhaço quanto ao sigilo de 100 anos, agora está praticando o mesmo que condenou, inclusive com as imagens da criminosa invasão do palácio no dia 8 de janeiro, suscitando mais uma vez a indagação de que poderia ter algo “não recomendável” para o governo se os vídeos fossem investigados.
Ainda na linha das doentias tentativas de desconstruir o ex presidente, Sr Luiz esbravejou ferozmente quando o atual Procurador da República foi nomeado sem constar da lista tríplice do MP, mas agora, o mesmo Sr Luiz já fala que não obedecerá lista coisa nenhuma. Sr Luiz durante a campanha eleitoral, para evitar danos maiores em sua popularidade, declarou ser literalmente contra o aborto, o que fez com que o STF exigisse retratação do deputado Nikolas, que o acusou de abortista.
Ao assumir o Poder, tudo muda e o nome do Brasil passou a não constar mais da Declaração de Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e o Fortalecimento da Família, assinada pela gestão de Jair Bolsonaro em outubro de 2020 e que é uma espécie de aliança internacional contra o direito ao aborto.
Mas quero destacar aqui dois pontos ocorridos nos últimos dias que simbolizam o quanto o governo brasileiro descuida de questões sérias e que apontam para onde o Sr Luiz está conduzindo o Brasil. Logo após sua posse, o presidente discursou para seus ministros afirmando que “quem errar será punido”.
No exercício da presidência o Sr Luiz age de forma completamente diferente: primeiro com a Ministra do Turismo, que dentre outras acusações, ao que parece tem envolvimento com milícias da baixada fluminense, o que foi contornado apenas com a blindagem na mídia “semioficial”, e o mais absoluto silêncio do governo sobre o assunto.
Agora o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, colecionou diversas denúncias entre as quais uso de avião para passear em um rodeio de cavalo de raça, uso irregular e em benefício próprio de emendas parlamentares e ocultação de patrimônio ao TSE. Depois de afirmar que exigiria explicações, o presidente manteve o ministro que inclusive mereceu afagos, provavelmente por conchavos políticos.
O mais curioso é tudo foi “esclarecido em segredo, e nós, pobres mortais, não merecemos conhecer justificativa, esclarecimento cabal ou nem mesmo uma “desculpa esfarrapada” que justificasse a continuidade do Ministro. Seria demais pensar que Luiz pudesse fazer o que o mineiro Itamar Franco fez quando acusaram o ministro mais próximo dele, Henrique Hargreaves, afastando-o de suas funções até esclarecer tudo. Ao contrário, o governo petista dá o tom de tudo de ruim que poderá acontecer Brasil nos 4 anos de governo de seu morubixaba. Triste mas verdadeiro!
Por fim, o vexame internacional do governo brasileiro, que tanto usa a palavra democracia, mas apenas como retórica, ao mostrar seu compadrio com o tirano ditador Daniel Ortega. Na apuração realizada pelos peritos internacionais, a lista de violações é ampla. “As altas autoridades do governo conseguiram instrumentalizar os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Eleitoral para desenvolver e implementar uma estrutura legal destinada a reprimir o exercício das liberdades fundamentais e perseguir pessoas contrárias”.
Detalhando mais, os especialistas cravaram que “estas violações e abusos estão sendo perpetrados de forma generalizada e sistemática por razões políticas, constituindo os crimes contra a humanidade de assassinato, prisão, tortura, incluindo violência sexual, deportação e perseguição por motivos políticos”. De forma inesperada e que assombrou ao mundo todo, o governo brasileiro não aderiu a uma declaração de mais de 50 países, denunciando os crimes cometidos pelas autoridades do país da América Central.
Até onde teremos que engolir o Sr Luiz Silva, acompanhado da trupe petista, discursarem eloquentemente sobre a democracia, mas agirem de forma vergonhosa em razão de, talvez, laços pessoais ainda não esclarecidos?
Ao analisar a profusão de paradoxos entre o que falam e publicam com aquilo que de fato é feito, impossível não associar ao que acontece em Passos na gestão do Excelentíssimo Doutor Prefeito Diego de Oliveira: ao assistirmos suas hiperbólicas publicações na internet e mesmo suas entrevistas aos detentores de credenciamento para “publicidade e divulgação”, fica patente a brutal discrepância entre o virtual e o real, já que problemas crônicos nunca se resolvem diante de um governo faroleiro, porém letárgico para realizar.
Os mais velhos sempre ensinam que devemos tomar cuidado com bravatas e falas inconsistentes, porque “o mesmo flash que ilumina, pode queimar”.
GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna