J. R. Guzzo
Esses BRICS e as suas reuniões periódicas são o tipo do lugar feito para Lula. Por força do tamanho do seu território, por sua população de 200 milhões de habitantes e por estar mais ou menos entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil sempre tem de fazer parte de um “G” alguma coisa. Estamos no “G” isso, estamos no “G” aquilo. Ninguém presta muita atenção no que o Brasil diz ou acha, a não ser a mídia adestrada a dizer, em qualquer situação, que o Itamaraty é uma coisa séria, respeitada, muito “profissional” etc. etc. etc. Seja como for, estão sempre saindo no noticiário tratados sobre “a posição do Brasil” nesta ou naquela questão. Quando chega a hora de reunião dos BRICS, Lula adora.
O fato é que o presidente, no fundo, não parece feliz quando está nos “G” da vida. Apesar do esforço da mídia em achar algum serviço para ele nessas reuniões, falando em “agendas multilaterais” e outras miragens, Lula não tem o que fazer ali. Não sabe se comportar naquele tipo de ambiente, leva a Janja junto e faz, em geral, o papel de penetra. Não fala inglês, nem língua nenhuma. Não sabe mexer com o equipamento de tradução simultânea. Não é consultado sobre nenhum assunto. Nunca disse ou fez rigorosamente nada de útil.
Mas reunião de BRICS é outra coisa – ali Lula está na sua turma e no seu ambiente, embora não seja claro o que os dois “Brics” que realmente mandam alguma coisa, China e Rússia, achem mesmo dele. Nenhum dos dois entendeu, até agora, o que Janja faz pendurada no marido o tempo todo. Ambos sabem, há muito tempo, que estão falando com um semianalfabeto, e não gostam desse tipo de situação. Toleram Lula, mas não vão além. Nada poderia demonstrar o quão pouco levam a sério Lula e o Brasil de Lula quanto à sua atitude na última reunião dos BRICS, no Brasil: simplesmente não deram as caras, nem um e nem outro.
Lula ficou tendo de rolar ali com Irã, Etiópia, África do Sul e outras potências com o mesmo tipo de folha corrida – as companhias preferidas de Lula, hoje, no cenário internacional. Para ser amigo do Brasil, na atual diplomacia Lula-Itamaraty, o país tem de preencher dois requisitos: ser ditadura e ser corrupto, se possível os dois ao mesmo tempo.
O BRICS ainda não escreveu isso nos seus estatutos, mas, na prática, serve como o principal clube de tiranos e ladrões do mundo. É natural que Lula, aí, se sinta em casa. Para esta última reunião, inclusive, convidou Cuba; a depender da “política externa ativa e altiva de Lula”, os cubanos já seriam membros de carteirinha dos BRICS, junto com quaisquer outros países celerados que se possa encontrar na praça.
Lula quis, nessa última reunião do BRICS, atolar ainda mais o Brasil no apoio à esmagadora derrota do Irã na guerra com Israel e Estados Unidos. Não suporta o sucesso; tem obsessão em estar do lado que perde. Diz que o “Oriente” é o “novo centro da economia mundial”. É por isso que Xi Jinping e Vladimir Putin não vieram.
J. R. Guzzo é jornalista