19 de junho de 2023
Processo de secagem dos grãos envolve diversas etapas que devem ser seguidas para não prejudicar o sabor final da bebida./ Foto: Reprodução.
BELO HORIZONTE – O tratamento dos grãos de café após a colheita é uma fase crucial da produção de cafés de alta qualidade, que podem proporcionar aos produtores preços mais elevados. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), empresa de assistência técnica e extensão rural, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), investe constantemente na capacitação dos cafeicultores, sobre os cuidados necessários tanto na implantação e manejo das lavouras, como após a colheita, para garantir a qualidade da bebida.
Segundo a Emater-MG, a iniciativa faz parte da agenda estratégica da cafeicultura da empresa, que visa fortalecer a cadeia produtiva do café em Minas Gerais, maior produtor do Brasil, com cerca de 50% da produção nacional.
De acordo com o coordenador técnico regional da Emater-MG em Viçosa, Deonir Dallpai, o pós-colheita do café é uma operação que requer planejamento e cuidados especiais para evitar perdas de qualidade e renda. “O cafeicultor precisa fazer um plano de colheita ajustado à sua capacidade de processamento, definir qual tipo de bebida ele vai produzir (padrão ou especial, mais valorizado), quanto vai custar para produzi-la e como ele vai fazê-la. O objetivo é manter ao máximo a qualidade que a natureza proporcionou e o que ele investiu em um ano de trabalho nas lavouras”, disse.
Em todas as fases do preparo dos grãos, para garantir a qualidade da bebida, o coordenador da Emater-MG alerta sobre a adoção de boas práticas de higiene. “Afinal, o café é um alimento e pode ser contaminado por microorganismos nocivos à saúde humana”.
Após a colheita, a etapa da secagem é a que representa maiores riscos de perda da qualidade do café. Deonir Dallpai explica que os frutos recém-colhidos têm alto teor de umidade e mucilagem abundante, ideal para a proliferação de microrganismos que podem causar fermentações indesejadas, capazes de interferir no sabor final da bebida.
Segundo o coordenador, o processo inicial de secagem pode ser feito em terreiros, no chão ou mesmo suspensos. Quando o terreiro não é pavimentado, pode-se utilizar também pano grosso ou lona. Neste caso, uma vantagem é a facilidade de proteger o café em caso de mudança brusca do tempo, com risco de chuva.
E, no caso de utilizar equipamento para o processo final de secagem (quando os grãos estiverem com cerca de 30% de umidade), o coordenador da Emater-MG explica que é preciso dosar bem o calor, para evitar manchas nos grãos, que acontecem em caso de temperatura excessiva.
Após todo o processo, ainda é necessário atentar para um armazenamento adequado, em local arejado, próximo ao terreiro ou secador, livre de pragas e também longe de outros produtos, pois o café absorve odores estranhos com facilidade.
A Emater-MG é uma empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável no estado. Vinculada à Seapa, a Emater-MG atendeu, em 2022, quase 50 mil cafeicultores, sendo 96% da agricultura familiar. A atual safra de café em Minas Gerais (2022/2023) deve render 27,8 milhões de sacas (60 kg), correspondente a 50,8% da produção estimada para todo o país.