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Em greve há 10 dias, IF Sul suspende calendário acadêmico no campus Passos

25 de abril de 2024

O calendário acadêmico do curso técnico de enfermagem segue mantido / Foto: Reprodução

PASSOS – O Instituto Federal Sul de Minas, unidade Passos, suspendeu o calendário acadêmico de 2024 por tempo indeterminado na última segunda-feira. Professores e técnicos da instituição estão em greve desde o dia 15 deste mês e, após assembleias dos servidores e diálogo com a direção, foi emitida a portaria nº 53/2024, publicada na última segunda-feira, 22, que define os serviços essenciais que permanecerão em funcionamento.

De acordo com a portaria, assinada pelo diretor-geral do campus Passos, Juliano de Souza Caliari, o calendário acadêmico do curso técnico de Enfermagem segue mantido. As atividades dos demais cursos presenciais e de educação a distância (EaD) estão suspensas por tempo indeterminado.

A decisão dá continuidade à greve iniciada em 15 de abril no IF Sul de Minas, campus Passos. De acordo com o documento, alguns dos serviços essenciais que serão mantidos são o pagamento dos auxílios e bolsas para estudantes de baixa renda, atendimento aos alunos com necessidades específicas, serviços de saúde prestados pelos alunos de enfermagem nas UPAs, UBSs e hospitais de Passos e região e atendimento à comunidade do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal da Receita Federal.

De acordo com a professora Mariana Teixeira, uma das principais reivindicações da greve é a revogação da portaria 983, instituída em 2020 pelo então ministro da educação, Milton Ribeiro, que tornou obrigatório que todos os docentes da rede federal de educação profissional, científica e tecnológica cumprissem o mínimo de 14 horas semanais dedicadas apenas ao ensino, o equivalente a 17 horários de aula por semana.

“Ora, se as nossas atribuições fossem apenas dar aula, faria algum sentido. A questão é que, enquanto docentes dos institutos federais e Cefets, nós temos uma série de outras atribuições, como, por exemplo, as orientações de TCC, ocupar os cargos de coordenação, bem como uma série de comissões que mantêm o funcionamento dos campi Brasil afora”, afirma.

“Mas não para por aí. A portaria 983 compromete e atrapalha duas das nossas missões institucionais: fazer pesquisa e extensão. Quem se dedica a essas funções necessita de tempo de estudo, de leitura, de escrita para orientar as iniciações científicas e para publicar aquilo que é pesquisado. Logo, o cumprimento dessa portaria compromete profundamente essas atividades, e mais do que isso, compromete também o nosso potencial no desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil”, completou.

Greve

O IF Sul de Minas aderiu a greve das instituições federais de ensino na segunda-feira, 15, e, em entrevista à Folha na semana passada, a professora Mariana Teixeira relatou que as reivindicações são a reposição das perdas salariais ocorridas no período entre 2017 e 2022; reestruturação das carreiras de técnicos administrativos e professores; revogação das medidas que atentam contra o serviço público; revogação do novo ensino médio; e recomposição orçamentária das instituições federais de ensino (IFs).

“É importante ter clareza de que a greve deflagrada em assembleia pelo IF Sul de Minas, campus Passos, faz parte de um movimento maior, que passa por várias instituições federais de educação no país. Ao contrário do que muitos imaginam, não se trata de uma greve por aumento de salário. A pauta é longa e tem especificidades tanto para a carreira docente, quanto para a carreira dos Técnicos Administrativos em Educação (TAEs)”, disse a professora.