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Eletrobras anuncia incorporação de Furnas após assembleia de acionistas

Foto: Arquivo FM.

PASSOS – Furnas Centrais Elétricas S. A. deixará de existir. Ela deve ser incorporada à Eletrobras, maior empresa de geração de energia elétrica no Brasil, com 23% da capacidade instalada no país, e de transmissão, com 38,49% do total das linhas do Sistema Interligado Nacional (SIN) em sua rede básica.

Prevista desde agosto do ano passado, a incorporação de Furnas foi aprovada em assembleia geral extraordinária da Eletrobras na última quinta-feira, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que cassou duas liminares que impediam a reunião dos acionistas.

“O objetivo da Eletrobras, com a incorporação, é racionalizar e simplificar sua estrutura societária, ao mesmo tempo em que abre espaço para ampliar investimentos nos ativos integrados. O processo de incorporação da companhia ainda depende da aprovação de outras condições precedentes”, informou a empresa após a realização da assembleia.

Em comunicado ao mercado assinado pelo vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobras, Eduardo Haiama, a empresa informa que a incorporação de Furnas não acarretará aumento de capital, a emissão de novas ações pela Eletrobras e nem direito de recesso.

“Após a verificação das condições suspensivas, a incorporação ocorrerá na data a ser definida pelo Conselho de Administração da Eletrobras. A incorporação de Furnas representa marco importante à reorganização societária da Eletrobras e simplificação de sua estrutura conforme previsto no Plano Estratégico”, afirma o comunicado.

De acordo com avaliação feita pela Impacto Consultores Associados, Furnas vale R$ 45 bilhões. A empresa tem cerca de 2 mil empregados e está presente em 15 estados e também no Distrito Federal.

Depois do anúncio da incorporação, fontes do mercado de energia estimam que o ganho fiscal com a incorporação de Furnas deve ser de cerca de R$ 2 bilhões por ano.

“A privatização da empresa começa a dar resultado, permitindo que ela tenha uma redução brutal de custo e que possa pegar esse dinheiro para investir mais no business dela, que são as linhas de transmissão e a geração de energia, melhorando a qualidade da prestação dos serviços”, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, em entrevista na quinta-feira.

Entre os benefícios apontados por fontes do mercado estão a economia com a racionalização administrativa na unificação do comando. Segundo as fontes, as duas empresas operavam no mesmo prédio, no Rio de Janeiro, com dois presidentes, dois diretores financeiros e duas estruturas de comando. “Há uma racionalização administrativa na unificação de comando, especialmente porque as duas estão operando administrativamente no mesmo lugar”, apontam.

Para eles, a incorporação também pode ser vista como uma forma de se aumentar a integração entre as subsidiárias, evitando interesses políticos regionais e aumentando a competição. “Hoje, esse modelo de estrutura regionalizado acaba sendo redundante. Pode ter tido valor no momento da criação, há décadas, mas não faz mais sentido por conta da qualidade de sistemas que a companhia tem atualmente. Você não vê a Engie, por exemplo, com uma Engie Sul e uma Engie Nordeste”, aponta uma fonte.

Segundo o presidente do CBIE, a incorporação também pode blindar Furnas de interesses políticos, principalmente em Minas. “Com a privatização, essa coisa de usar a empresa para fins políticos vai acabar. As subsidiárias da Eletrobras, como a Chesf, a Eletronorte e Furnas, sempre foram alvo dos políticos, que queriam indicar diretores e presidentes, e dar emprego para uma ‘porrada’ de gente por critério político com intuito de ganhar votos”, aponta Pires.

Furnas está presente em 15 estados e no Distrito Federal e opera um sistema que totaliza 13,7 mil megawatts (MW) de capacidade instalada de geração, o que representa cerca de 31% da capacidade de geração da Eletrobras, empresa líder em transmissão de energia elétrica no país, com 38,49% do total das linhas de transmissão.

Criada em 1957 pelo então presidente, Juscelino Kubitschek, Furnas foi a primeira usina de geração de energia elétrica brasileira com capacidade superior a 1 mil MW e sistema de transmissão em 345 quilovolts (kV), que era inédito no hemisfério Sul.

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