ATAÍDE VILELA
Precisam ser reconstruídas urgentemente, as obras de infraestrutura viária como pontes e estradas que foram destruídas e/ou inundadas com as construções de grandes usinas hidrelétricas de FURNAS, em nossa região. Com o enchimento e formação dos grandes Lagos como o Lago de Peixoto (250 Km2 de área inundada) e o de Furnas (com 1.400Km2 de terras inundadas), este último, inclusive é conhecido nacionalmente como Mar de Minas, deixaram marcas profundas que persistem até hoje. Essas verdadeiras chagas que resistem ao tempo e que ainda permanecem abertas em nossa região são: o isolamento social de cidadãos; a privação de seus direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal de nosso país, como também o acesso do cidadão à saúde(atendimentos de emergência, no caso, acesso ao Hospital SUS de referência, que é Santa casa de Passos); o direito constitucional de ir e vir de milhares de cidadãos desses municípios e a garantia do escoamento da produção agrícola dessas cidades de nossa região. Essas obras viárias para o bem geral do povo de nossa região, precisam ser resgatadas e reconstruídas urgentemente!
Para garantir esses direitos de cidadãos que constam em nossa Constituição Federal, é bom lembrarmos, que no mesmo local de travessia, que ligava São José da Barra à Guapé, existia uma ponte antiga que ligava aquelas cidades. E para fazer aquela travessia do grande Lago, a empresa FURNAS, à época, improvisou e substituiu a antiga ponte que foi coberta e inundada com as águas do grande Lago por uma solução provisória. A travessia São José da Barra até Guapé, assim como a outra de Delfinópolis até Cassia, passaram a ser feitas por balsas, de forma precária e provisória e, que dura e continua até hoje, por mais de 60 anos continuados, sem uma solução duradoura. Assim, na prática, os moradores da região ficaram isolados e continuaram realizando a travessia desses grandes Mares de Minas, à balsa, através de uma solução provisória que se tornou permanente.
É necessário, portanto, que essa infraestrutura viária, como pontes e estradas sejam reconstruídas em nossa região, tanto em relação a ligação São José da Barra até Guapé, como também, a outra ligação de acesso de Delfinópolis, através da ponte que ligará esse município até Cássia, bem como o asfaltamento da BR-146 em toda a sua extensão. São reivindicações reais, justas e que foram compromissadas há tanto tempo, mas que ainda não foram cumpridas. Portanto, nada mais justo, que todas essas pontes e estradas sejam construídas, para fazer valer os direitos do povo de nossa região, que tanto contribuiu para o desenvolvimento de nosso país, mas que foi e continua sendo sacrificado com a formação desses verdadeiros mares de Minas.
Na época, FURNAS assumiu o compromisso pela reconstrução dessas estradas e pontes, mas até hoje, ainda não foram cumpridas, tanto por aquela empresa quanto agora pela sua sucedânea: CRC FURNAS. Portanto, ainda está em tempo dessas estradas e pontes serem construídas como contrapartida pelos imensos danos históricos causados com as inundações de infraestrutura e de terras desses municípios. Em recente conversa com o deputado federal Domingos Sávio, ele me disse que na Lei que permitiu a privatização de FURNAS, assim como da CHESF e demais empresas do grupo ELETROBRAS, foi incluído artigo, que destina alguns bilhões de reais para serem investidos em obras, no entorno do Lago e recuperação ambiental, a serem realizadas nas regiões atingidas pelas construções dessas usinas.
Pesquisando sobre essa Lei, observei que não existe obra alguma iniciada em nossa região até o momento; que o valor de investimento assumido pela CRC FURNAS é de 230 milhões por ano, o que totalizará 2 bilhões e 300 milhões de reais, em 10 anos, a serem investidos nas áreas de atuação da CRC FURNAS, empresa que assumiu o controle acionário de empreendimentos como as usinas de Furnas, de Peixoto e as demais usinas. Assim, chegou a hora, de fazer cumprir esses compromissos assumidos há mais de 60 anos com os municípios de nossa região. Compromissos esses que tiveram o aval do governo federal e que agora terão a obrigação de serem cumpridos, porque está na Lei da desestatização de FURNAS e de todas as empresas do antigo grupo de empresas estatais da ELETROBRAS. Portanto é hora de lutar, lutar e lutar muito! Lutar para que os compromissos assumidos, à época da construção das usinas de Furnas e Peixoto, sejam todos cumpridos. Pelas construções das pontes de Delfinópolis à Cássia e de São José da Barra à Guapé! Pelo asfaltamento de BR-146 em toda sua extensão! “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”.
ATAÍDE VILELA, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016.