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Dois terços dos pacientes com HIV em Passos são homens, aponta Ambes

Foto: Arquivo FM.

Lauro Sampaio

PASSOS – Pouco mais de dois terços dos pacientes com HIV em Passos são homens com idade entre 21 e 60 anos, aponta cadastros feitos pelo Ambulatório Escola de Especialidades (Ambes). Segundo informações do órgão, são 256 moradores do município infectados, sendo 164 homens (64,1%) e 92 mulheres (35,9%). O ambulatório tem 614 pacientes infectados com o vírus cadastrados na região.

A maioria (85%) tem entre 21 e 60 anos de idade, e os pacientes acima de 60 anos são 8.6%. Os adolescentes somam 2.4% e o paciente mais novo cadastrado tem 12 anos de idade. Segundo o Ambes, os casos entre pessoas entre 21 a 30 anos já chegam a 20%, o que é preocupante.

Por meio do Ambes, Passos oferece tratamento para combater o vírus da Aids para mais de 20 cidades da região, pois ele é o centro de referência em prevenção, diagnóstico e tratamento. Lá também são oferecidos os medicamentos da profilaxia PEP.

“Temos todas as medicações disponibilizadas pelo SUS proporcionando o que há de mais avançado em termos de tratamento e profilaxia para os moradores”, afirma o farmacêutico Gilberto Xavier de Mattos, coordenador do Ambes. Segundo ele, a melhor prevenção contra o vírus HIV é o uso de preservativos.

Mattos aponta que o índice de 64% dos cadastrados serem do sexo masculino indica que os homens são mais descuidados na prevenção das chamadas infeções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Durante dois anos só se falou na pandemia do coronavírus, mas o vírus da Aids continua aí e as pessoas devem tomar cuidado”, alerta Mattos.

Segundo ele, o número de casos de Aids aumentou em Passos durante a pandemia porque as pessoas contaminadas pelo coronavírus fizeram mais exames e isso foi determinante para o crescimento nos índices.

No ambulatório, entre os serviços oferecidos estão a priorização de grupos de risco ou pessoas que foram vítimas de estupro ou tiveram relação sexual sem proteção. São ministrados medicamentos emergenciais que têm uma resposta de eficácia de até 72%. Remédios para relação de casais quando apenas um parceiro tá contaminado, também são ofertados tornando a relação sexual mais segura.

Em Passos, 12 pessoas morreram em decorrência da Aids em 2021. No ano seguinte, o número subiu para 18 e, em 2023 já foram registrados 16 falecimentos. A maioria das vítimas no período, 30 eram moradores de Passos.

Perfil

De acordo com o farmacêutico, o perfil predominantes dos infectados em Passos é formado por homens com idade entre 20 a 60 anos, baixa escolaridade, com renda mensal de até três salários-mínimos e com múltiplas parceiras ou parceiros.

“A Aids não acabou e a prevenção é melhor remédio. É uma doença que não está controlada ainda na região”, afirma Mattos. “O vírus ataca o sistema imunológico que é o responsável por defender o organismo das doenças. O vírus altera o DNA dessas células e faz copias de si mesmo. Aí o organismo fica fraco e exposto a outras doenças oportunistas”, disse.

Segundo o coordenador do ambulatório, Passos recebeu no ano passado um dos três certificados oferecidos em todo o Estado como um Ambes que eliminou, desde 2012, a transmissão vertical do vírus da Aids entre mães e filhos, motivo de orgulho para a equipe.

Em 10 anos, mortes por Aids em Minas têm queda de 19%

BRASÍLIA – Em 2022, Minas registrou 656 óbitos com HIV ou Aids como causa básica, o que representa queda de 19% em relação as 810 mortes de 2012.A mortalidade em decorrência da Aids em Minas diminuiu 34,2% no período e o coeficiente de mortalidade passou de 3,5 para 2,3 óbitos a cada 100 mil habitantes.

Belo Horizonte registrou 4,2 mortes a cada 100 mil habitantes no ano passado, número maior que a taxa nacional. As informações são do novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/Aids apresentado pelo Ministério da Saúde, que também aponta taxa de detecção de Aids em Minas Gerais de 10,3 casos por 100 mil habitantes. Belo Horizonte detectou 19 casos.

Em relação à detecção do HIV, em 2022, o documento mostra que foram notificados 43.403 casos em todo o país, sendo 15.064 no Sudeste e 3.228 em Minas Gerais. A taxa de gestantes infectadas pelo HIV na capital mineira é de 2,3 casos por mil nascidos vivos. O diagnóstico em gestantes é fundamental para que as medidas de prevenção possam ser aplicadas de forma eficaz e consigam evitar a transmissão vertical do vírus.

Cenário nacional

A queda no coeficiente de mortalidade por aids na última década foi identificada a nível nacional, passando de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2022, o Ministério da Saúde registrou 10.994 óbitos tendo o HIV ou Aids como causa básica, 8,5% menos do que os 12.019 óbitos registrados em 2012. Apesar da redução, cerca de 30 pessoas morreram de aids por dia no ano passado.

Do total de óbitos no Brasil em 2022, 61,7% foram registrados entre pessoas negras (47% em pardos e 14,7% em pretos) e 35,6% entre brancos. Os dados reforçam a necessidade de considerar os determinantes sociais para respostas efetivas à infecção e à doença, além de incluir populações chave e prioritárias esquecidas pelas políticas públicas nos últimos anos. Ainda segundo o boletim, na análise da variável raça/cor, observou-se que, até 2013, a cor de pele branca representava a maior parte dos casos de infecção pelo HIV. Nos anos subsequentes, houve um aumento de casos notificados entre pretos e, principalmente, em pardos, representando mais da metade das ocorrências desde 2015.

Para aprimorar os indicadores de saúde e guiar políticas públicas de combate ao racismo, redução das desigualdades e promoção da saúde ao longo dos próximos anos, o Ministério da Saúde tornou obrigatório o preenchimento do campo raça/cor no Cartão Nacional de Saúde, o cadastro do cidadão no SUS. A partir de 2023, os sistemas não permitem mais o registro ‘sem informação’, em mais um passo pela igualdade racial no país, uma das prioridades do governo federal.

Foto: Reprodução.

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