Leitor Opinião

DO LEITOR

8 de julho de 2025

Foto: Reprodução

Corporativismo médico

O corporativismo médico e o risco à saúde do paciente. Uma condenação necessária. A medicina é uma profissão que carrega consigo um profundo compromisso com a vida e o bem estar das pessoas. No entanto, quando o corporativismo entre médicos prevalece sobre a ética e a qualidade do atendimento, a saúde do paciente fica gravemente comprometida. É urgente refletir sobre essa prática, que muitas vezes silencia erros, protege incompetência e prioriza interesses de classe em detrimento do cuidado humano. O corporativismo excessivo no meio médico pode manifestar se de diversas formas: desde a relutância em denunciar colegas que cometem negligências até a resistência em adotar protocolos mais rigorosos de fiscalização e transparência. Quando profissionais fecham os olhos para falhas graves em nome da “proteção da categoria ” colocam em risco vidas que deveriam ser sua prioridade absoluta. Além disso, essa postura contribui para a desconfiança da sociedade para com a classe médica.  Pacientes têm o direito de esperar que seus diagnósticos e tratamentos sejam baseados em evidências científicas e no melhor conhecimento disponível. Não em acordos velados ou omissões por lealdade corporativa.A medicina deve ser exercida com humildade para reconhecer erros e ter coragem de corrigi-los. Nunca como um clube fechado que se protege a qualquer custo.  É fundamental que Conselhos de Medicina, instituições de saúde e os próprios profissionais combatam esse viés corporativista, incentivando a accountability ( prestação de contas) e a melhora contínua.A saúde pública já enfrenta desafios enormes; não podemos permitir que a má conduta de alguns , protegida pelo silêncio de muitos, agrave ainda mais a desumanização do cuidado ao indefeso paciente que se entrega ao médico como seu salvador.  Em tempos em que a ciência e a ética deveriam ser os únicos pilares da medicina, o corporativismo cego é uma traição ao juramento hipocrático. Que os médicos possam sempre lembrar: sua obrigação maior é com o paciente, não com a corporação.

 

Antônio Carlos da Silva – Passos/MG