Charge
A charge do jornal de 01.05.25 foi excepcional. O operário do “chão de fábrica” já não tem mais colegas humanos; não tem como compartilhar o seu churrasco; robôs podem até conversar, mas não comem carne, como também não podem reclamar do tempero dela. Paralelamente, há os empregados que nem vão à fábrica, no chamado “home office”. Tudo a impedir o contato pessoal dos trabalhadores numa empresa, contato humano indispensável a todos para evolução e crescimento do indivíduo como pessoa. Vai-se chegar ao ponto crítico de companheiros de trabalho, velhos conhecidos de anos, jamais terem se conectado em carne e osso; jamais terem discutido religião, futebol, política, mulheres. Isso fica para os amigos chegados (os vizinhos não entram no rol: há muito não são como os de antigamente; nem sabem os nomes uns dos outros). Apesar de tanto celebrarem as redes sociais como veículo de integração entre pessoas, o resultado delas é torná-las mais isoladas, sem contato pessoal, frias, distantes, egoístas. Isso contraria a natureza humana de conviver em sociedade, como era desde os primórdios da evolução humana, quando mulheres e homens coletavam e caçavam juntos, convivendo no mesmo espaço de uma caverna. Demonstração clara de que somos verdadeiramente o “animal político” de que falava Aristóteles.
Raul Moreira Pinto
Passos – MG