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DO LEITOR

Foto: Reprodução

Desinformação

O posicionamento da Meta divulgado no dia 7/1, no atual contexto de ameaça à(s) democracia(s), é de extrema gravidade, como muito bem descreve Eugênio Bucci no em seu artigo As ‘big techs’ e o fascismo. Na mesma edição do Estadão, o editorial Zuckerberg lava as mãos tratado assunto, lembrando os riscos de censura. No entanto, há nesse texto uma premissa questionável, que fica explícita na afirmação de que o antídoto contra os discursos que induzem ao ódio ou a visões distorcidas da realidade “não é a limitação da circulação de desinformação, e sim a informação de qualidade, apurada e editada pela imprensa segundo padrões éticos e profissionais”. Ao mesmo tempo que reconheço o inegável valor da referida informação de qualidade, noto a presença, nessa afirmativa, do que Yuval Noah Harari denomina “noção ingênua de informação”. É um conceito crucial, ao qual o autor dedica toda uma seção no livro Nexus. Com robusta argumentação e fundamentação factual, Harari demonstra que, sozinha, a difusão de informação qualificada não é suficiente para combater a desinformação. Para ser eficaz, precisa ser combinada a mecanismos que – nos marcos da transparência e democracia, e sem ferir o direito à liberdade de expressão – coíbam a proliferação de desinformação. É uma obra atualíssima e essencial a todos que se preocupam com o futuro da de mocracia.
Aron Belinky – São Paulo/SP

 

Hegemonia religiosa
Muito lúcida foi a reflexão de Caetano Dias Corrêa acerca da liberdade religiosa em nosso país e as decisões jurídico-políticas. O último problema enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal (em novembro) desembocou na tese que justifica a não inconstitucionalidade da exposição de símbolos religiosos em prédios públicos. A lucidez de Caetano em relação a essa pauta é justamente em enfatizar que no Estado laico a liberdade religiosa deve andar pari passu à igualdade. A História e as sombras da colonização do Brasil tendem a reforçar a hegemonia de algumas expressões religiosas e o preconceito em relação a outras. Portanto, qualquer decisão jurídica que se proponha a “ordenar” os espaços de manifestação religiosa na esfera pública jamais deveria abrir mão de tentar garantir o direito de igualdade de todo cidadão. Pergunto: todas as expressões religiosas que marcam a identidade cultural do brasileiro poderão gozar desse privilégio de exposição pública? Não creio. A hegemonia religiosa é uma ideologia a
favor da desigualdade. Ela, infeliz mente, rejeita andar de mãos dadas a outras expressões da religiosidade plural da cultura brasileira.
Luís Fabiano dos Santos Barbosa – Bauru/SP

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