Ausência de neutralidade
Toma-se conhecimento pela mídia de que o apoio ostensivo do PT ao circo de horrores que foram as eleições na Venezuela e a saudação, até pontilhada por alguns parlamentares brasileiros em manifestações na Câmara dos Deputados, proclamando Nicolás Maduro como reeleito para o terceiro mandato, além da conduta do enigmático enviado Celso Amorim, investido das funções de representante do governo brasileiro no lúgubre evento, constituem sinais claros da ausência de neutralidade e da confirmação do acariciamento de Lula da Silva à “democracia relativa”, sugerida durante encontros oficiais com Maduro.
Mesmo sem a credibilidade da verborragia ultimamente emitida pelo mandatário brasileiro, houve quem confiasse no seu equilíbrio. Pura e imperdoável ingenuidade, posto que a equidistância em relação à crise do país vizinho nunca existiu, fato emerso da paixão ideológica que ele resolveu escancarar no atual mandato, talvez por ter perdido boa parte da capacidade de harmonizar crises, em face, talvez, da já avançada idade. Lula nunca foi ponderado ao longo de sua saga política, desde os tempos de sindicalista, tendo, na verdade, sempre praticado um populismo de baixo nível que só produziu slogans e episódios de corrupção durante o período em que seu partido esteve no poder, quadro que acarretou crescimento pífio do Brasil ao longo das duas últimas décadas. Nada melhor se poderia esperar hoje.
Paulo Roberto Gotaç – Rio de Janeiro/RJ
Diplomacia brasileira
É insuportável e uma agressão à inteligência dos brasileiros que ainda raciocinam ouvir o que o presidente Lula diz a respeito das eleições fraudadas na Venezuela. Não é possível que a nossa diplomacia, que sempre se destacou pelo desempenho profissional e de alto nível, aceite esse tipo de discurso e se cale. Há momentos na vida de uma nação em que algum sentimento de honra tem de se sobrepor à mera hierarquia.
Carlos Ayrton Biasetto – São Paulo/SP