4 de julho de 2023
Foto: Arquivo FM.
Yngrid Horrana
PASSOS – Nesta quarta-feira, 5 de julho, é comemorado o Dia Mundial da Capoeira. A prática remete à identidade e cultura de afrodescendentes e é considerada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade – título que contempla hábitos, saberes e demais expressões de uma comunidade – pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
De acordo com a liderança da Associação de Capoeira Filhos de N’Zambi, Gustavo Bahia Leite (Mestre Bacalhau), entre crianças e alunos, o grupo contempla aproximadamente 100 pessoas que frequentam os encontros. Com foco em resgatar a ancestralidade afrobrasileira e promover debates antirracistas e a favor da diversidade sexual, os participantes têm contato não apenas com as músicas, danças e luta, mas também com literatura e história.
“A gente tem muitas aulas teóricas. Não adianta eles saberem fazer arte se não sabem de onde veio a capoeira, porque foi criada, como foi criada, todo esse caminho que ela percorreu da era colonial até os dias de hoje. Então a gente trabalha a questão do racismo e a abordagem dos alunos em questão com o meio social, a fim de não ter preconceito de maneira alguma. Se é homem, mulher, homossexual, negro, amarelo, sempre temos essa preocupação em fazê-los pesquisarem. Hoje temos essa bagagem na internet, no You Tube, e estamos indicando coisas boas e mostrando o que aconteceu para que não tenhamos repetições”, afirmou Mestre Bacalhau.
Segundo ele, a capoeira é um canal de socialização, lazer e educação, principalmente para a população de baixa renda, que é o público majoritário atendido pela associação. “Dentro do grupo a gente não é só uma organização, a gente é uma família. Sempre quando um tem um problema, a gente tenta ajudar. É sempre um ajudando o outro. A gente faz alguns trabalhos sociais por meio da arrecadação e entrega de cestas básicas, apoio para tratamentos psicológicos, combate ao racismo e ao abuso. Para nós, a capoeira é tudo. Ela nos traz um meio de socializar com os alunos de diferentes classes sociais e estabelecer disciplina”, disse o capoeirista.
Mestre Bacalhau também alerta para o preconceito contra a capoeira e que a prática deveria ter maior visibilidade. “Capoeira não é religião. Esse quesito sempre é apontado, e sofremos um olhar negativo. A gente vem trabalhando bastante isso com os alunos. Eu acho que a capoeira deveria ser mais visível em Passos, acredito que tem espaço para melhorar”, destaca ele, que também aponta a importância de expandir a capoeira para outros bairros da cidade, que atualmente ocorrem na Vila Betinho e Nossa Senhora Aparecida.
As atividades são desenvolvidas com o apoio da Organização Não-Governamental Deus Proverá. Às segundas e quartas-feiras, a roda de capoeira ocorre a partir das 19h30, na sede da ONG Deus Proverá, no bairro Vila Betinho, em às terças e quintas-feiras, às 19h, na Escola Estadual Deus, Universo e Virtude, no bairro Nossa Senhora Aparecida.