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Dia do Sapateiro é comemorado nesta 6ª

OS AMIGOS JOÃO BORGES E TONINHO VILELA TRABALHAM JUNTOS HÁ ANOS NA SAPATARIA NOSSA SENHORA DA PENHA / Foto: Divulgação

PASSOS – Nesta sexta-feira, 25 de outubro, é comemorado o Dia do Sapateiro, profissão que, em Passos, ainda é exercida em ao menos cinco estabelecimentos.

Há poucos meses, a Sapataria Araújo, na avenida Arouca, fechou as portas porque o dono havia se aposentado e resolveu encerrar o atendimento.

A mais antiga e tradicional loja de Passos, fundada em 1920 pelo falecido Zé Baiano, é a Nossa Senhora da Penha, localizada na Praça Coronel João Lourenço, local da antiga igreja Santo Antônio.

Administrada por João Batista Borges, de 81 anos, teve como sócio o irmão Sebastião Wenceslau Borges, de 78 anos, que se aposentou há seis anos. Antes, passou a ser contador de causos e hoje é escritor.

“Nós aprendemos a profissão depois dos 10 anos e ainda ensinamos dezenas de pessoas, mas a maioria não levou a atividade adiante. Quando éramos jovens, tinha tanto serviço que foi preciso abrir uma filial na rua Olegário Maciel e está lá até hoje. A lei proibindo ofertar trabalho para menores de idade e a falta de interesse da juventude em aprender, vai acabar com a profissão em poucos anos”, afirma João Borges.

Sebastião, que tem 59 anos como sapateiro, contou que também foi professor e a mão de obra tende a acabar muito em breve.

“Antigamente, atendíamos clientes de todas as cidades da região, ao fabricar botinas e sapatos reforçados. Para os mais ricos, como médicos, usamos especialmente o couro importado da Alemanha. Tinha também a famosa marca Vulcabras e fomos os primeiros a vender tênis em Passos. Como sapateiro, criei e formei meus filhos e recordo os bons tempos das décadas de 60 e 70 do século passado”, comenta.

Com menos anos de profissão, 51, Antônio Vilela, o Toninho Sapateiro, companheiro de João Borges, contou que hoje ainda recebe pedidos para fabricar botinas, mas a demanda caiu bastante.

“Nosso forte mesmo são os consertos de quase todos os tipos de calçados masculinos e femininos, porém não faltam clientes para reparos em bolsas, mochilas, pochetes e outros acessórios. Temos que continuar até quando o corpo suportar, porque a mocidade de hoje não interessa em ser profissional do setor”, disse.

Outro sapateiro que tem 45 anos de experiência, e trabalha desde os 11 anos de idade, é Oswaldo Pedro da Silva, de 71. Sua opinião é a mesma dos demais companheiros sobre a profissão.

“E vou mais além: a indústria calçadista está cada vez mais aperfeiçoada, porém com pouco percentual de material resistente. Hoje, os calçados são descartáveis. Usou poucos meses e joga fora. Não compensa o conserto”, afirmou.

Sócio na sapataria da avenida dos Expedicionários, Feliciano Cunha, de 52 anos, lembra que até hoje tem pessoas que usam sapatos masculinos fabricados artesanalmente por Antônio Quintino, há 40 anos.

“As peças são reforçadas e bem-feitas. Alguns vem aqui três ou quatro vezes para fazermos os reparos e não jogam fora por serem duradouros”, lembrou o sapateiro que começou a carreira aos 15 anos de idade.

Curiosamente, todos os entrevistados afirmaram que 90% dos calçados levados para o conserto são usados por mulheres.

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