Aída Curi, Vítima de Curra – Parte 1
No dia 14 de julho de 1958, um trágico acontecimento abalou não apenas a cidade do Rio de Janeiro, mas o Brasil. Uma jovem, de apenas 18 anos de idade morria caindo do décimo segundo andar de um prédio em Copacabana. A jovem foi currada por três rapazes.
Foram várias as reportagens em jornais e revistas da época, tentando relatar os acontecimentos e as especulações sobre o ocorrido. Teria Aída Curi se lançado do prédio para escapar aos avanços dos rapazes que tentavam seduzi-la e ter relações sexuais com ela? Ou ela teria sido lançada do décimo segundo andar após ter resistido aos ataques, machucada, desmaiada ou até mesmo quase já morta, para simularem um suicídio? Vejamos o caso, com nossa redação. São vários os relatos e as conclusões dos peritos envolvendo dois jovens como culpados e mais o porteiro do edifício que ajudou nas tentativas. O acidente (ou crime) completará 65 anos no próximo dia 14 de julho deste ano de 2023.
Consegui acompanhar durante certo tempo o desenrolar das investigações e os processos decorrentes, até onde foi possível. É claro que, estudante ainda, eu não tinha o necessário amadurecimento para compreender bem o caso. Eu li muito durante certo tempo e não me lembro das conclusões que a justiça dos homens chegou. Para mim, a situação ficou inacabada.
Hoje, com o “milagre” da internet, são vários os textos sobre o assunto. Na Enciclopédia Wikipédia, colhemos estas informações.
Consta a história que Aída Curi foi convidada para ouvir músicas no apartamento de um dos envolvidos e lá a catástrofe aconteceu. Ela foi, na verdade, à força, carregada para o topo do Edifício Rio Nobre, na Avenida Atlântica, em Copacabana, por dois rapazes e mais o porteiro do prédio, para que fosse abusada sexualmente. Eram eles: Ronaldo Castro, Cássio Murilo e mais o porteiro Antônio Sousa.
Conforme concluíram os peritos, durante trinta minutos pelo menos, houve luta e tortura até que ela desmaiasse. Acredito que ficaram apavorados e imaginaram ela estar morta. Resolveram jogar o corpo do décimo segundo andar do prédio para simular um suicídio. Em decorrência da queda de tamanha altura, provavelmente ainda desmaiada, a jovem faleceu no local.
Foram três os julgamentos sobre o caso. Ronaldo Caiado foi inocentado da acusação de homicídio. Foi condenado por atentado violento ao pudor e tentativa de estupro. Pegou uma pena de oito anos e nove meses. Antônio Sousa, o porteiro, foi inocentado do crime de homicídio, mas condenado pelas outras acusações. Consta que desapareceu e nada mais ficaram sabendo sobre ele.
Será que agiu como Judas, num lugar bem longe, numa mata cerrada, para que nunca mais fosse encontrado, sendo devorado pelos animais selvagens e urubus? Ou mudou de nome, de identidade, de aparência e nunca mais foi visto? Sabe-se lá! Cássio Murilo, que ainda era menor de idade na época do fatal acontecimento, foi condenado pelo homicídio da jovem e levado ao Sistema de Assistência ao Menor (SAM). De lá, só saiu para prestar serviço militar.
Não ficamos sabendo (ainda era menor de 21 anos) se voltou para o SAM após o término do tempo no serviço militar ou se conseguiu ficar engajado nas fileiras militares, o que seria muito bom para ele, se fosse, assim, possível.
Aída Jacob Curi, nascida em Belo Horizonte, MG, em 15/12/1939 e falecida no Rio de Janeiro em 14/07/1958) era filha de um casal de imigrantes da Síria: Gattás Assad Curi e Jamila Jacob Curi. Ela era a terceira dos cinco filhos do casal.
Pertenciam à Igreja Melquita Católica. Seu pai faleceu quando ela estava com cinco anos de idade. Sua mãe precisou mudar-se com a família para o Rio de Janeiro para procurar trabalho e conseguir sustentar os filhos que, na época, tinham menos de dez anos de idade, só o mais velho tinha mais. Nelson, Roberto, Maurício e Waldir, sendo Aída Curi a única mulher entre os irmãos. Dona Jamila foi com os filhos para a Escola Moreira do Riachuelo e permaneceu lá durante oito anos.
Com seis anos de idade Aída foi estudar num colégio de freiras espanholas. Eram as irmãs da Congregação Filhas de São José. Era um colégio interno para meninas órfãs em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro: Educandário Gonçalves de Araújo. Ficou por doze anos no colégio e dali saiu para tocar a sua vida. Já estava fazendo 18 anos ou já tinha completado. Trabalhava na loja de um irmão seu na época de sua morte. Estava fazendo cursos de datilografia, inglês e português.
LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG. Ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com