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Dia a Dia

DÉCIO MARTINS CANÇADO

Você já procrastinou hoje?

Embora alguns leitores não estejam convivendo atualmente com crianças ou adolescentes, é provável que tenham algum sobrinho, neto, ou alguns amigos que os tenham, por isso, acredito ser oportuna a reflexão sobre o assunto, pois o mundo moderno exige que estejamos sempre atentos e bem informados sobre os mais variados temas.

Dr. Marcos Gilberto Progana é um médico hebiatra, especialista em problemas da adolescência. Recentemente, ele esteve falando a estudantes sobre higiene, sexualidade, drogas, prostituição e instabilidade familiar. Também explicou que a adolescência, apesar do que se diz, não é apenas uma época transitória entre o ‘ser criança’ e o ‘ser adulto’.

É uma fase de ‘crise’ que deve ser encarada pelos pais com serenidade, empenho e sabedoria. “A adolescência é muito conturbada para o indivíduo. Não é apenas uma transição. É uma época muito importante, onde várias modificações ocorrem. Além disso, ela se caracteriza, principalmente, por ser uma fase onde ocorrem muitas situações de risco”, afirmou. Podemos deduzir que, como educadores, temos uma missão inalienável, extremamente responsável e importante de conduzir a bom termo os destinos dos nossos adolescentes nessa ‘travessia’.

A família nem sempre consegue absorver bem esse período e lidar com ele de maneira adequada. Os pais preferem ‘ir levando’ para ver o que dá e, quando algo de anormal ocorre, não conseguem reverter a situação; o pior é que as situações que mais preocupam os pais não são as mesmas que incomodam seus filhos.

Para os jovens, a instabilidade familiar e a política são muito mais importantes e preocupantes do que as drogas ou o sexo. “Os adolescentes estão mais suscetíveis aos problemas gerados pela violência do trânsito, urbana e policial do que àqueles provocados pelas drogas. De cada dez adolescentes, três ou quatro morrem por causa da violência”, afirma o Dr. Marcos.

Alguns adultos com quem conversamos ou a quem tivemos a oportunidade de proferir palestras, confidenciaram-nos desconhecer corretamente ou com relativa profundidade, algumas coisas da vida, como sexo, por exemplo, que nunca tiveram oportunidade de saber corretamente, pois nem seus pais nem a escola que frequentaram lhes passaram essa informação. Como educadores, ficamos refletindo a respeito dos nossos jovens – será que eles têm recebido as informações de que precisam, da maneira correta, na idade certa, com os devidos parâmetros morais, de cidadania, científicos, espirituais e éticos?

Como exigir dos nossos jovens padrões de comportamento, disciplina, responsabilidade, relacionamento, respeito, honestidade, solidariedade e amizade, se quase nada lhes foi ensinado a respeito? Pensa-se, primeiramente, na cobrança, no castigo, na punição; melhor seria ensinar, antes, como e quando se faz e por que fazer, para depois ter condições de advertir, coibir ou punir.

Apesar de determinadas constatações veiculadas pela imprensa, a desinformação que acompanha os adolescentes ainda é muito grande. Essa situação se agrava na medida em que eles trocam experiências entre si, causando cada vez mais dúvidas e incertezas. Para eles, a AIDS é um assunto distante, assim como a gravidez precoce e a paternidade responsável (de cada quatro bebês que nascem no Brasil, um é de mãe adolescente).

É por essa falta de informação, ligada à curiosidade natural dos jovens e à necessidade de desmistificação sobre o tema, que estamos trazendo, hoje, esse assunto à baila, de uma maneira clara e descontraída, porque é preciso educar e conscientizar os adolescentes, através das famílias e professores, para que suas escolhas sejam feitas de maneira correta. É preciso dar-lhes confiança e responsabilidade, para que possam assumir seus erros e recomeçar. Escola e família possuem papéis fundamentais nessa relação.

 

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