LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO
Uma estatística alarmante – Parte 1
Estando em Alfenas, MG, vários dias após o carnaval, precisei ficar na cidade até à noite para tratar de assuntos particulares. Aproveitei e comprei um exemplar do Jornal dos Lagos, datado de 11/02/2023. Primeiro, porque sempre gostei de ler jornal, como já testemunhei aqui mesmo na Folha da Manhã.
Segundo, para ajudar passar o tempo, pois minha esposa e eu teríamos de esperar umas duas horas para resolver os assuntos. Folheando o jornal eis que me deparo, na página 11, com uma notícia que provocou minha atenção e ao mesmo tempo, uma surpresa nada agradável.
Tenebrosa, até! O título: “A cada dois dias uma mulher morre vítima de violência doméstica em Minas”, algo realmente assustador, me deixou perplexo. Preferi ler outros assuntos, deixei para depois a leitura da reportagem. Deveríamos voltar para Carmo do Rio Claro, MG, ainda à noite e estava chovendo. A estrada não estava boa, exigia muito cuidado por conta das condições e eu não queria viajar com o espírito impregnado com notícias ruins. Na verdade, fui ler vários dias depois.
Transcrevo, aqui, as informações estatísticas da reportagem feita pela redação do jornal. O Jornal dos Lagos era publicado duas vezes por semana, mas fiquei sabendo que passou a sair apenas uma vez e nos sábados. Acredito que por conta da pandemia chamada “covid”, não tenho tal informação, apenas acredito ser o motivo.
É uma publicação da Unifenas e o jornal foi criado pelo professor Edson Antônio Velano em 14/09/1983, fundador da universidade. O primeiro texto que procurei foi da professora Irma Manso Vieira, bacharel em filosofia, que tem coluna no jornal e é conhecida minha.
Bem, com nossa costumeira redação, vamos aos fatos. Sim, a cada dois dias, uma mulher perde a vida em Minas Gerais, vítima de agressão conhecida como “violência doméstica”. Cinquenta por cento das mortes são causadas por instrumentos cortantes e perfurantes: facas, tesouras ou canivetes. Os assassinos são os próprios maridos, namorados, ex-maridos, ex-companheiros ou outros tipos. Acredito até em assaltantes e estupradores entre eles.
Numa quinta-feira, em 26/01/2023, o governo mineiro, alarmado com tais estatísticas, lançou uma campanha convocando a população a “botar tudo em pratos limpos”. Como dizem que em briga de marido e mulher, não se mete a colher, a campanha mudou a frase dizendo que em briga de marido e mulher se mete a colher, sim! Bem, cá para mim, algo muito delicado e perigoso.
Por outro lado, também não se pode omitir e deixar de pedir a ajuda policial quando se verifica a iminência de um crime. Poderá haver consequências pela atitude? Sim, caso o agressor resolva se vingar! Como já disse, algo delicado e perigoso. Para segurança do denunciante, é preciso que os órgãos que recebem a informação mantenham e garantam o anonimato. A reportagem confirma a garantia mais adiante.
Diz a reportagem que, em todo o Brasil, apenas em 2021, foram assassinadas 3.878 mulheres. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.341 mulheres foram assassinadas pelo fato de serem mulheres, são casos registrados como feminicídio. Conforme relatório da Polícia Civil de Minas Gerais, 155 mulheres, em 2021, foram vítimas de feminicídio no estado. Foram 163 em 2022 e 195 tentativas de feminicídio.
O governo de Minas Gerais afirma que pelo telefone 181 é possível efetuar denúncias. Assim, as pessoas colaborarão para evitar a violência contra a mulher, impedir que ocorram mortes e que os agressores sejam presos e punidos conforme a lei. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) já tem o Disque Denúncia há 15 anos, completados em 2022.
Durante todos esses anos, mais de 1 milhão de denúncias foram atendidas e verificadas pela Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo Militar de Bombeiros. Foram mais de 263 mil criminosos apreendidos e presos pelos órgãos citados. O Disque Denúncia também garante o anonimato, o sigilo do denunciante e assim, permite e garante que a sociedade participe da prevenção e combate ao crime.
As denúncias também podem ser efetuadas pelo telefone 190, Polícia Militar e 197, Polícia Civil.
A reportagem ainda afirma que a violência contra a mulher não tem data marcada nem hora, portanto, o combate ao crime não pode parar. Eu também afirmo que pode acontecer em qualquer lugar, como temos tomado conhecimento nos noticiários policiais da mídia.
LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com