Ícone do site Folhadamanha

Dia a Dia

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Um terceiro provérbio oriental

“O homem comum fala; o sábio escuta; o tolo discute. ” Todos somos testemunhas da veracidade deste provérbio oriental. Todos conhecemos o homem comum, que fala, pergunta, responde, aprende e ensina. Todos conhecemos o sábio que, normalmente, nos deixa falar, nos escuta e só fala quando tivermos dito tudo o que temos para dizer.

E todos conhecemos o tolo, que pensa entender de todas as coisas, mas não entende de nenhuma e por isso tenta impor sua opinião, até levantando a voz. O tolo se torna insuportável. O sábio se torna amigo e até confidente e muito nos ajuda a sermos pessoas comuns, a suportar o dia a dia, a firmar os pés no chão e a colorir a vida de esperança.

A sabedoria se aprende. A tolice é falta de aprendizado. – Frei Clarêncio Neotti, OFM – folhinha do dia 19 de maio de 2023 – do calendário “Sagrado Coração de Jesus”, da Editora Vozes Ltda., de Petrópolis. cneotti@yahoo.com.br

Antes de entrar nos nossos comentários sobre este verdadeiro provérbio, quero lembrar aqui uma historinha, que na verdade é uma anedota, mas educativa, também. Três filósofos, portanto, considerados três sábios, subiram em uma montanha e lá no topo, cada um sentou-se numa pedra, não muito distante um do outro.

Chegaram lá bem cedinho, já com o sol clareando o dia, que prometia ser um belo dia. Após umas três horas de silêncio absoluto, todos meditando, um primeiro deles, olhando para o céu, comentou: – O tempo está ameaçando mudar. Continuou um silêncio total, novamente. Mais umas três horas após, um segundo deles, olhando para o céu, também comentou: – Se continuar assim, teremos chuva. Mais quatro horas de silêncio total, novamente. Um terceiro deles, olhando para os outros dois, quebrou o silencio e disse: – Se vocês continuarem com essa discussão, eu vou embora.

Pelo que entendi, sendo uma anedota ou não, percebemos que eles estavam ali para meditar, só para filosofar. As poucas palavras que proferiram já foi o suficiente para quebrar o clima da meditação.
O homem comum fala, pois todos nós gostamos de falar. Não vejo nada de errado na atitude. Errado é falar o que não deve, na hora errada e no lugar errado. Ou seja, três erros ao mesmo tempo.

Falar pelos cotovelos, como dizem, ou só falar abobrinhas, como dizem também, aí sim, é perder tempo, aborrecer os outros e tornar-se desagradável perante as pessoas ou até mesmo impertinente. O sábio, como diz o ditado, escuta, prefere mais ouvir do que falar. Não significa que o sábio não deva falar, pois de nada adiantaria a sua sabedoria se a guardasse apenas para ele.

É importante, é sábio mesmo, que ele transfira o que sabe e conhece para todos, pois estará trabalhando para melhorar as pessoas. Por ser sábio, ele saberá falar o que é preciso falar, na hora certa e no lugar certo. São, também, três acertos, ou seja, sabedoria pura.

O tolo, infelizmente, é o problema. Por ser tolo, por não ter noção, por não conhecer o que está falando ou o que pretende provar ou defender, acaba, como se diz no popular, enfiando as mãos pelos pés e, sem saída ou argumentos verdadeiros e fortes, eleva a voz e quer ganhar no grito.

A pessoa sensata, que pensa antes de falar, já está agindo com sabedoria, portanto, ela é uma pessoa sábia, no sentido de saber se comunicar. Nem sempre se pode falar o que se pensa ou se imagina, é preciso cautela, pois até mesmo a verdade pode se tornar algo inconveniente ou mesmo desastroso. A verdade pode ser boa, mas pode também ser dolorosa, portanto, desnecessária, ao menos em determinado momento.

É preciso saber como, quando, em que lugar e em quais circunstâncias ela poderá ser proferida. É questão de bom senso e sabedoria, como já dissemos. Já vi pessoas dizerem que são sinceras, não escondem e nem deixam de falar o que pensam e acham correto. Não é bem assim, é preciso muito juízo. Repetindo, muita sabedoria, inteligência, delicadeza e boa educação para se falar seja lá o que for.

Mesmo uma brincadeira, precisa ser pensada, estudada, para não ferir ou a pessoa não ser mal interpretada. O tagarela, que não pensa, ou age com maldade na fala, não conquista amigos e, mesmo em família, pode até não ter boa aceitação. Já, o sábio, se faz amigo e conquista amigos e simpatizantes.

Pensar e pensar muito, antes de abrir a boca ou mesmo escrever. A sabedoria, como diz o frei, podemos aprender. O tolo, eu acredito, que se tiver consciência de sua situação, também poderá.

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com

Sair da versão mobile