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Dia a Dia

DÉCIO MARTINS CANÇADO

A esperança não pode morrer

Por mais que se queira, é impossível ficar alheio aos últimos acontecimentos nacionais, ou seja, à corrupção, à falta de ética e de moral de alguns homens públicos; à desfaçatez com que eles mentem, querendo criar uma ‘nuvem de fumaça’ que encubra seus atos.

O que nossos políticos são, decorre, em grande parte, da educação que receberam, em casa ou na escola. Se tivessem tido bons exemplos de seus pais, aprendido o mínimo que fosse a respeito do que é ética, conhecido os limites de suas atitudes para o bom desempenho de uma função pública, o respeito às outras pessoas e às instituições e a ‘obrigação’ de agir com honestidade, é bem provável que não estivessem fazendo o que fazem.

Se seus professores tivessem ensinado, com bastante ênfase, que os valores morais são inalienáveis, assim como, a necessidade de agir com lisura, certamente, seriam homens públicos corretos, políticos com outras prioridades e com outro proceder. “É de pequenino que se torce o pepino”, como bem nos ensina o antigo ditado.

O brasileiro é um povo alegre e confiante. Estão querendo sufocar essas nossas qualidades, com tanta iniquidade. A indignação e a tristeza que tanta baixaria nos causam, precisa ser combatida com coragem e otimismo. Não podemos nivelar nosso País por baixo, como à primeira vista nos parece inevitável.

“A dor e a tristeza não são o oposto da alegria. O contrário da alegria é a indiferença”, e esta não poderá nos atingir, se não consentirmos.

A grande diferença entre nós e os outros animais é que o animal, simplesmente, adapta-se a uma situação. Eles são domesticados, adestrados, enquanto que o ser humano possui uma ‘desadaptação criativa’. Ele é capaz de ter desejos, pensar, criar e, principalmente, é capaz de indignar-se, e por isso mesmo, não aceitar passivamente uma situação qualquer, em especial, a que estamos vivenciando.

“Quem fica alheio ao outro, fica alheio a si mesmo”. Às vezes, para consertar, é preciso atrapalhar, desestruturar, desestabilizar, demolir, desmanchar.

Como nos diz o ‘Patativa do Assaré’, poeta nordestino, no poema ‘Dor gravada’: “Gravador que está gravando/ aqui no nosso ambiente/ tu gravas a minha voz/ o meu verso e o meu repente/ mas gravador tu não gravas/ a dor que meu peito sente/ tu gravas em tua fita/ com a maior perfeição/ o timbre da minha voz/ e a minha fraca expressão/ mas não grava a dor grave/ gravada em meu coração/ Gravador tu és feliz/ e ai de mim o que será/ tu bem podes ter desgravado/ o que em tua fita está/ mas a dor do meu coração/ jamais se desgravará.”

Tudo isso que estamos assistindo nos faz sentir muito mal. Faz-nos sentir deprimidos, desmotivados. Mas sempre haverá uma esperança. Não ‘aquela’, de uma recente campanha eleitoral para a Presidência da República, mas uma esperança real, de que teremos outras eleições, democráticas, que teremos ‘mais uma vez’ a oportunidade de mudar, e quem sabe, uma outra, e outra… que tentaremos novamente, e mais uma vez, com a certeza de que acertaremos algum dia; aí, então, poderemos ter novos dias, sem conchavos na calada da noite, sem parcerias espúrias, com justiça social, com oportunidades iguais para todos, com emprego para os chefes de família, com possibilidade de bom atendimento na saúde, de forma digna, com educação de qualidade, independente da condição financeira, ou da etnia.

A educação, tanto no lar quanto na escola, acontece de forma semelhante à alimentação. Se dermos uma maçã a uma criança, e ela a comer; no dia seguinte, não encontraremos mais a maçã, que já terá sido digerida e suas substâncias já terão sido incorporadas ao seu organismo. Se ‘ensinarmos’ alguma coisa para os filhos ou alunos, eles ‘assimilarão’ esses conhecimentos, de maneira individual, permanente, e esses passarão a fazer parte de seu cérebro, de suas emoções, de sua vida.

Se nossas crianças aprenderem boas coisas desde cedo, durante o seu desenvolvimento físico, intelectual e psicológico, elas serão pessoas de bem, seja qual for a profissão que exercerem ou o cargo que ocuparem, ou o lugar que estiverem. Somos, quando adultos, o reflexo da educação que tivemos, em menor ou maior grau. Externamos, em todos os lugares onde estamos, involuntariamente, os exemplos e os ensinamentos que recebemos. É como se estivéssemos, a cada dia, frente a um espelho que reflete a imagem do que realmente somos.

O que alimenta a ‘esperança’ de que poderemos viver dias melhores, é o nosso compromisso e a nossa responsabilidade de educarmos bem nossas crianças e jovens, que serão os nossos Empresários, Médicos, Professores, Advogados, Engenheiros e, em especial, os Políticos de amanhã.

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