5 de maio de 2023
LUCIANA KOTAKA
Destruir um casamento é muito mais fácil do que fazê-lo dar certo, concorda? E para podermos discorrer sobre este assunto é importante ficar claro que o conceito de casamento de sucesso pode ser diferente para cada pessoa. Quantas vezes não ouvimos alguém falar com orgulho que está casado há anos e sabemos que o relacionamento é conturbado e difícil? É comum pessoas de mais idade medirem o sucesso do casamento pelo tempo que estão juntos, e não pela qualidade da relação. Mas podemos levar em conta que permanecer em um relacionamento disfuncional também exige uma boa dose de resignação e tolerância, o que não deixa de ter seus méritos.
Mas o fato é que quanto mais íntimos ficamos de uma pessoa mais desafiadora a convivência, pois estaremos expostos a hábitos e manias que não fazem parte da nossa forma pensar, ser e agir. No início da relação nos adaptamos e achamos as diferenças engraçadas, superáveis, mas com o tempo podem se tornar intoleráveis e irritantes. Tudo isso somado aos desafios que enfrentamos na rotina da vida, se não tivermos uma boa estrutura emocional podemos colocar o casamento no lixo. E, infelizmente, é o que acaba acontecendo com muita frequência.
Em função das diferenças que fazem parte de qualquer tipo de relacionamento, seja afetivo ou não, sempre iremos nos deparar com experiências que nos desafiam porque somos seres com bagagens que nos fazem únicos. Essa é uma grande questão, até o conceito de certo e errado muitas vezes é questionável.
Imagine que você usa uma lente cinza e seu parceiro usa uma colorida não tem como os dois enxergarem a vida da mesma forma, concorda? E como validar o outro levando em conta a sua lente da vida? É imprescindível o respeito, o acolhimento, a tolerância e a capacidade de ceder em algumas situações para não ferir o relacionamento.
Apesar de entendermos as diferenças racionalmente e saber como deveríamos agir, muitos casamentos acabam quando os conflitos aparecem, até tentamos fazer alguns ajustes e combinados, mas dificilmente conseguimos mantê-los. Falta muita maturidade emocional para driblarmos os obstáculos, agimos na impulsividade, queremos que a nossa forma de pensar seja aceita, não queremos ser questionados. Tudo isso vai gerando ressentimentos no relacionamento, o que seria uma soma vira uma disputa de poder e se não buscarmos ajuda a tempo o casamento chega ao fim.
Sem dúvida é mais fácil entrar no círculo de ressentimentos a investir na relação, já que será necessário comprometimento, gentileza e doação. A terapia é um caminho fundamental para que o casal não se perca. Através do trabalho com um profissional especializado o casal terá a oportunidade de se olhar sobre outra ótica, revendo o seu comportamento e principalmente os gatilhos que o levou a se desentenderem.
Muitas vezes repetimos os modelos parentais e nem temos consciência desse fato até que o terapeuta lhe aponte. Lembrando da importância de desenvolvermos um olhar mais amplo, o quanto melhor for a percepção mais tranquilo será de enfrentar as diferenças.
LUCIANA KOTAKA. Comportamento, saúde e obesidade