SILVIA HELENA DOS REIS

Conversa Macanuda, você sabe o que é?

Lembrando que Conversa é o nome; campanhense, o sobrenome e Macanuda, o apelido. Traz no sobrenome: a origem, a história que remete à Campanha, a cidade-mãe do Sul de Minas e o apelido deriva de um vocábulo de uso corrente no Sul de Minas, tomado de empréstimo do espanhol, tanto platino quanto andino, -macanudo-, que significa excelente, extraordinário, ou, em uma tradução mais livre, bacana, supimpa.

Esta é uma forma de conversa, muito utilizada em atividades culturais na região desde tempos imemoriais, mas a partir dos anos 1980, vem sendo adotada de forma reiterada por leitores, narradores, mediadores, mobilizadores da Leitura, em vários pontos do Sul de Minas Leitor, que ressignificam tradições e imprimem inovações no desenvolvimento de suas atividades ao conjugarem ‘oralidade e escrita’, ‘imagem e palavra’, ‘saberes e sabores’. Como qualquer conversa é uma troca de palavras, de ideias entre duas ou mais pessoas.

No caso desta conversa normalmente participam dela vários interlocutores e com distintos perfis para que cada qual ofereça uma contribuição, um viés, uma nota diferente. Pode ser definida, de forma sucinta, como uma conversa anotada, uma conversa que se desenha com notas: notas de rodapé, notas de fim e como costumamos dizer, notas sem fim, uma proposta que fica em aberto, como um convite para novos encontros, outros tantos diálogos. Além de anotada, costuma ser adjetivada como -afetiva, lúdica, irrepetível, polifônica, lastreada, rizomática, sedimentada, sensível, múltipla, acolhedora, ecossistêmica e experiencial.

Tal proposta vem se configurando para todos nós, leitores, narradores, mediadores e mobilizadores em prol da leitura, de leitores por todo o Sul de Minas Leitor, como o nosso patrimônio, o nosso modo de contar histórias, a nossa estratégia para mediar leituras (com literaturas, belezuras e gostosuras de todas as culturas conversando aqui na nossa na Mantiqueira e Grande) e por isso a nossa principal ferramenta no propósito de construção do Sul de Minas como um território leitor, de leitores.

(Em tempo: com o processo de ‘oficialização/institucionalização-patrimoni(ali)zação/musealização’ ela deverá ser rebatizada como “Conversa Sul-Mineira”, (até mesmo pela relação metonímica que existe entre Campanha e Sul de Minas (o todo pela parte/a parte pelo todo) mas seguirá sempre e afetuosamente sendo chamada de Conversa Macanuda, com certeza.

As iniciativas, campanhas, ações, projetos, programas, planos adjetivados como “macanudos”; os “macanudos e macanudas” estão distribuídos por todo o Sul de Minas Leitor em diálogos familiares quando você reúne sua família, seus amigos, seus vizinhos e se comprazem em conversas saudáveis e prazerosas.

Assim temos em nossa querida Passos a Associação Cultural dos Escritores de Passos e Região que se reúne toda quarta-feira as 15:00 no Palácio da Cultura, à Praça Geraldo da Silva Maia para lermos, escrever, fazermos saraus, contar histórias, degustar textos literários produzidos pelos colegas escritores da Associação e de nossa pequena biblioteca.

Recebemos com muito carinho os escritores que de outras regiões chegam a Passos: planejamos rodas de leituras, projetos de leituras em escolas, convidamos escritores, realizamos oficinas literárias e estabelecemos elos de amizade e companheirismo.

E no final tomamos um delicioso chá com biscoitos, ouvimos uma música agradável e tornando nossos encontros cada vez mais “Macanudos”. Temos participação em todas as FliPassos já realizadas, já realizamos uma “Primavera Poética” com a participação do grande escritor e professor Leandro Garcia.

De nossa Passos já se fizeram muitos “macanudos” e a mais querida e talentosa Hilda Mendonça, nossa eterna e amada fundadora da Associação dos Escritores & Cia. Mulher de fibra e muito talento. Seus livros encontram-se na Associação dos Escritores para aqueles que queiram conhecer suas histórias.
Venha participar de nossas reuniões e traga seu talento. Seja parte desse grupo de “Macanudos e “Macanudas”.

SILVIA HELENA DOS REIS, escritora e contadora de histórias. Membro da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras e da Associação Cultural dos Escritores de Passos e Região.