Ícone do site Folhadamanha

Dia a Dia

Studying, self-development. Hands aesthetic on bright background, artwork. Concept of community, hobbies, knowledge , symbolism, surrealism. Contemporary art collage modern design

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

A força da Paixão

Acredito que, de alguma forma, os leitores já tiveram a oportunidade de assistir a uma apresentação do ‘Cirque du Soleil’ e constatar a perfeição, a beleza, o sincronismo do desempenho dos artistas que ali trabalham. Um espetáculo digno de admiração e respeito. “Seus idealizadores e os profissionais que compõem o grupo conseguiram o que parecia impossível: reinventaram o mundo do espetáculo com doses de inovação sem limites.

Concentração, criatividade, perseverança, determinação, trabalho em equipe, compartilhamento de ideias, são qualidades encontradas nos membros do ‘Cirque’ e citadas por John Bacon no livro “A reinvenção do espetáculo”, que conta a história de uma trupe de acrobatas. As características citadas acima podem proporcionar o nascimento de um circo ou de uma empresa de sucesso. Mas, os artistas souberam aliar a elas algo muito importante: a ‘paixão’ pelo que fazem.

A paixão é algo arrebatador, afirmam os poetas. Ela traz mudanças, aumenta endorfinas e catecolaminas, estimula a coragem e faz com que as pessoas ousem, em busca de sonhos e de ideais. Com ela, ficamos inspirados, os caminhos ficam mais fáceis e as escolhas que fizermos encontram a razão e o sentido, como um ‘porto’ a ancorar.

É difícil e raro encontrarmos pessoas com verdadeira ‘paixão’ pelo que fazem. Mas é fácil identificá-las entre aquelas que parecem nada fazer além de cumprir ordens. Ela e a identificação com o trabalho trazem como consequência o aumento do desejo, da criatividade, do compromisso, da coragem, da inovação, da iniciativa e da esperança.

Com a paixão, encontramos alegria naquilo que nos propomos fazer, mesmo diante das dificuldades que fazem parte de todo trabalho e da vida de qualquer pessoa. Gostar do que se faz, e se identificar com isso, é essencial para o bem-estar e para se executar algo de qualidade. É como salienta um dos integrantes do circo: “Podemos usar máscaras perfeitas, mas depois que subimos no palco, nem com toda a maquiagem do mundo daria para esconder a insatisfação, se ela existisse.”

E completa: “A vida é curta demais para fazermos algo que não nos apaixone.” E nesse sentido há de se perguntar: Podemos encontrar semelhança entre cada um de nós e os artistas que voam pelos palcos? É possível desenvolver um trabalho com criatividade e emoção, mesmo estando distante do mundo do espetáculo? O que podemos aprender com eles que sirva para nossas atividades e nossas vidas? Certamente, podemos responder afirmativamente a essas perguntas. No entanto, mais que respondê-las, fazem-se necessárias algumas reflexões de forma a buscar, intimamente, aquilo que nos faz singulares e responsáveis pelo caminho que escolhemos.

Carlos Castanheda, em um texto, alerta-nos que não é fácil escolher o caminho a trilhar, principalmente se esse caminho não tiver ‘coração’. E completa: “Um caminho sem coração deprime, desmotiva, adoece, nunca é agradável. Exige muito sacrifício para segui-lo. Por outro lado, um caminho ‘com coração’ é fácil, é fértil; não exige esforços para segui-lo ou para gostar dele.” Escolher o caminho do coração é o mesmo que ter paixão por algo que nos propomos fazer.

Na vida, como no trabalho, representamos diversos papéis que podem ser o de pais, avós, cônjuges, filhos, netos, amigos, companheiros e, principalmente, o papel que desempenhamos quando escolhemos nossa profissão. John Bacon traduz essa ideia através de outro personagem de seu livro, dizendo: “temos que encontrar algo que seja tão importante para nós, de modo que possamos construir nossa vida em torno disso.”

Esta é, certamente, a essência dos profissionais de destaque nas organizações de sucesso. Pouco importa a profissão que escolhemos. Não existe nenhuma que possa ser considerada melhor ou mais nobre do que a outra. Todo trabalho é digno. O essencial é o entusiasmo e a plenitude que colocamos naquilo que fizermos. Esse diferencial é que faz com que os serviços, organizações e instituições tenham a possibilidade de serem reinventados.

O que tem um circo, uma orquestra, uma indústria ou uma escola em comum é muito mais do que um espaço de trabalho. O que existe de similar é que em cada um desses locais, a eficácia e o encantamento do produto final só são possíveis se desenvolvidos com espírito de equipe,

No Cirque du Soleil não existe o artista principal. O mesmo pode ser dito a respeito das atividades em um Colégio. Todos os colaboradores, professores e demais profissionais são importantes para que o resultado final se traduza em sua razão de existir que é o compromisso com a qualidade da Educação.” (adaptado de um texto de José Salvador Silva)

Sair da versão mobile