22 de janeiro de 2024
Um terceiro provérbio chinês
“Se o vento sopra de uma única direção, a árvore nascerá torta.” A sabedoria chinesa nos lembra a beleza e a necessidade da diversidade. Monótono seria o jardim com uma única flor de uma só cor. A diversidade mostra a riqueza da criação de Deus. Também em nossa formação humana são boas as diferentes influências que recebemos: do pai, da mãe, da professora, dos colegas de escola. São ventos que sopram de todos os lados e nos fazem crescer sadios. De um lado vem a brisa da ternura. De outro lado vem o rigor da responsabilidade. De um terceiro lado pode vir o aprendizado da socialização, ou seja, de que formamos uma comunidade. Todas as forças que nos pressionam nos ajudam a crescer retos, firmes, cheios de qualidades. – Frei Clarêncio Neotti, OFM – folhinha do dia 18 de janeiro de 2024 – do calendário “Sagrado Coração de Jesus”, da Editora Vozes Ltda., de Petrópolis, RJ, e-mail: cneotti@yahoo.com.br
Vejam a capacidade de observação de um ou mais pensadores chineses, sejam eles filósofos ou pensadores populares. Eles perceberam que a força da pressão dos ventos influi nas demais obras da natureza, pois o vento também é um evento ou fenômeno dela. Viram ou deduziram que ventos soprando apenas de um lado só poderiam, pela forte propulsão, envergar as árvores fazendo com que crescessem tortas, dobradas.
Eu me lembro do meu primeiro professor de canto, Vicente de Lima, um dos maiores flautistas do Brasil, na sua época, e um grande pianista e compositor. Ele dizia que na arte musical devia haver o meio termo, ou seja, nada de extremos. Eu concluí que o ensinamento dele valia para tudo em nossa vida. São várias as atividades musicais e nas outras artes também. Portanto, bem diz o frei que a sabedoria chinesa nos mostra a beleza e a necessária diversidade em tudo. Ele diz que um jardim com apenas uma variedade de flores e todas da mesma cor, só nos causaria uma monotonia. Eu penso que seria algo até bonito de se ver numa primeira visão, mas logo ficaria cansativa a imagem. Ficaria enjoativo olhar o canteiro e ver somente as mesmas flores e mesmas cores.
A diversidade mostra que Deus foi perfeito na criação de tudo, inclusive do ser humano. Somos iguais na espécie, mas muito diferentes na aparência, no tamanho, na cor da pele, dos olhos, dos cabelos, no peso, nos gostos, no gênio, na maneira de pensar, enfim, podemos ter todos nós várias afinidades, mas não cem por cento. Como afirma o frei, desde que nascemos recebemos influências externas da mãe, acredito que seja a primeira na lista, do pai, avós, tios, irmãos, primos, demais parentes, das professoras primárias e outros professores, colegas e amigos. Nossa vida se amolda com o nosso crescimento e desenvolvimento e por isso é importante que o nosso ambiente seja saudável, honesto, justo e com ensinamentos humanitários. Todas as influências recebidas precisam ser como os ventos soprando de todos os lados. Poderemos receber bons ventos, boas influências, mas também influências ruins, maus ventos, que deveremos rechaçar imediatamente para não ficarmos contaminados pelo mal. Bons ventos, maus ventos, tudo faz parte da vida. O importante é que aprendamos a ter responsabilidade, saibamos que somos uma única pessoa, mas vivemos em comunidade, fazemos parte de uma sociedade totalmente diversificada, iguais em certos aspectos e diferentes em muitos. Somos seres humanos.
Já ouvi a frase dizendo que “viver é perigoso”, e também ouvi que a “vida é bela”. Até existe um filme italiano com tal título. Portanto, voltamos ao conselho do meio termo, do equilíbrio, da dosagem certa, da medida correta. Nada de extremismos. Todos os ventos que sopram em nossa vida são aqueles que direcionam as velas, imaginando sermos um veleiro. Que os ventos maus não consigam atrapalhar ou ultrapassar os bons ventos. “Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco.” Este pensamento é atribuído a Confúcio, mas já li ser um ditado português também. O que importa é a lição que ele traduz. Devemos sempre tentar anular os maus ventos e aproveitar somente os bons. Tudo dependerá de cada um de nós. Somos nós os responsáveis pelo nosso futuro, desde que saibamos nos livrar dos empecilhos que possam nos atacar, que são os ventos que não nos servem e só nos prejudicam. Assim, colheremos o que a vida nos oferece de bom. Que saibamos ajustar as velas a nosso favor, sempre para um porto seguro
LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com