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Dia a dia

O Natalício, o Bar do Zé Gabriel e a cerveja

O Natalício morava no São Benedito e era um pretinho bonito, simpático e trabalhador. Preto liso, pele muito boa, parecia-se muito com o Kunta Kinte (da série “Raízes – A Saga de uma família americana” exibida no Brasil nos anos 1980).
Natalício e eu fomos bons amigos. Apesar de ser empenhado e trabalhador, as coisas no Carmo não andavam bem na época e trabalho andava escasso.
Em um sábado, Natalício doido para tomar uma cervejinha, não tinha dinheiro. Entrou no bar do Zé Gabriel, que era também uma pastelaria e ficava na rua que desce para o São Benedito. Era onde é hoje o açougue do Virgílio e antes foi a venda do Nelson, na esquina, bem em frente à casa do Chiquinho peixeiro, pai do Odeval.
Meio sem jeito de pedir fiado e chateado por querer tomar uma cerveja sem ter dinheiro, Natalício nota o cartaz no bar do Zé Gabriel:
“Cerveja: à vista -> 2,80 – a prazo -> 3,50”
Chamou o Zé Gabriel no canto do balcão e, envergonhado e em um tom baixo de voz, lhe disse:
– Zé, me vê uma cerveja de 3,50, por favor.

PAULO ROBERTO CORÓ FERREIRA é carmelitano, pós-graduado em Ciência da Computação pela UFMG. É autor do livro “Viagem pela Alma Carmelitana”, lançado em 2021, com as histórias de sua terra.

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