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Dia a Dia

PATRICIA PEREIRA 

Enfim, cachorrenta

Nunca imaginei que esse dia chegaria!
Está certo, nunca é uma palavra forte demais, mas exagerada como eu sou, de verdade, não pensei sentir tanto amor com a chegada da Lola Capitu.

Ela chegou na nossa casa no último dia 2, uma bolotinha de pelo macio, pequena para aconchegar na palma da minha mão e grande para preencher o meu coração de afeto.
Já fui de me vangloriar por ter sempre “aquela velha opinião formada sobre tudo”. Quanta bobagem! Como diz uma grande amiga: “só não muda de ideia quem não tem ideia”

Mas nem as amigas, nem a lucidez da música de Raul Seixas me comoviam, e eu me encarcerava numa decisão inflexível.
Deixa eu me explicar. É que contei em outros textos sobre o meu medo de cachorro.Quanto menor ele fosse, maior era a minha fobia.

Contei, também, que por isso, eu destoava do restante da família autoapelidada de família cachorrenta, de tanta paixão pelos bichinhos.
Era a única não cachorrenta da parentela.

Quando criança escalava desconhecidos para fugir de um poddle toy e cresci agarrada à decisão de jamais cuidar de um pet.
Mas como não há mal que dure para sempre, os olhos de ressaca de Lola Capitu me tragaram, e quando vi o gingado do seu traseiro gordinho no vídeo, me apaixonei.

Foi carinho à primeira vista. Desde que ela chegou não paro de me derreter de forma ridícula. Essa pelotinha invadiu a casa com a sua fofura, suas bagunças, sua meiguice sempre querendo mais dengo.
Limpar as suas sujeirinhas são meros detalhes. Afinal, ela é um filhote. Qual é o bebê que não dá um pouco de trabalho?
Como um bebê ela quer colo.

Ela se aninha na curva do meu braço e ouve atenta as minhas palavras, que de tão amorosas, saem um pouco sem sentido. E tanto converso com ela, que às vezes imagino que me responda. Que nada, está apenas bocejando. Será que estou sendo entendiante para a minha fofinha?

Desde a chegada da Lola Capitu, estamos experimentando mais alegria, cultivando mais ternura e afeto de um jeito tão simples nas nossas vidas exigentes.
Felizmente “estou pagando a língua “. Não vejo mais virtude em manter decisões rígidas. Se assim fosse, hoje estaria privada de viver esta deliciosa história de amor.

PATRÍCIA LOPES PEREIRA SANTOS, graduada em odontologia (PUCMG) e direito (Fadipa), mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional (Unifacef- Franca) e Especialista em Direito Público (Faculdade Newton de Paiva), é servidora pública do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. E-mail: acitripa70@ gmail.com

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