DÉCIO MARTINS CANÇADO
Educação ambiental
Muito se tem discutido a respeito do Meio Ambiente. Estamos na Primavera, época das flores, quando, em nossa região, tem início o período de chuvas, a natureza agradece e retribui com um verde exuberante no campo, borboletas bailando no ar, pássaros cantando, com um clima agradável e tudo à nossa volta nos faz lembrar a vida, a beleza, o renascer e a alegria.
Cada vez mais, por toda parte tem se falado a respeito de ‘sustentabilidade’- Esta é a palavra do século. Entretanto, não estamos falando do futuro, mas sim, do presente. Todos devem saber que a atividade humana fatalmente produz muitos resíduos, principalmente lixo proveniente de atividades domésticas, industriais e da construção civil. Tudo que transformamos gera produtos desinteressantes.
O que devemos fazer com isso? Como reciclar, reaproveitar e, consequentemente, diminuir o impacto negativo no Meio Ambiente? Eis o grande desafio para todos nós. As escolas têm feito campanhas educativas, promovido palestras e desenvolvido projetos; organizações não governamentais, as ONGs, têm criado situações de conscientização, de conflito para análise, e os meios de comunicação têm feito reportagens e alertas.
Mas, e a família? Educação ambiental começa em casa! O bairro onde a pessoa reside é o entorno mais direto das pessoas e pode ser tema para estudos sérios, sobre o meio em que vive a comunidade. A questão das Ciências Ambientais começa na porta da nossa casa, dentro do nosso quarto. O lixo jogado no terreno vizinho, a água desperdiçada que lava a calçada, a latinha que se arremessa no rio, a árvore cortada na fazenda da família, são exemplos caseiros da falta de preservação, ou de consciência, a respeito do problema.
É impossível fazer educação ambiental, que é a mesma coisa que modificação da forma de agir, sem se pesquisar a relação que o assunto tem com as questões sociais, como isso tem a ver com as outras pessoas que vivem e convivem em determinado local.
É partindo do particular para o geral que poderemos iniciar uma verdadeira mudança. Isso é válido para a favela em São Paulo, para as cidades à beira do rio Amazonas, para as grandes propriedades rurais no Pará, para as margens do nosso vizinho Rio Grande, para o rancho à beira da represa de Furnas, para a pequena chácara próxima à cidade, para o ambiente escolar e para o local onde moramos.
Ensinar educação ambiental não é ensinar princípios de higiene coletiva, como limpeza das praias ou das praças. Isso é ‘parte’ de um processo de consciência coletiva, que depende de uma educação muito mais geral, mas não é um processo de educação ambiental metódico.
Afinal, o que é, então, ‘educação ambiental’? É o conhecimento da estrutura, da composição e da funcionalidade da natureza e das interferências que o homem produziu e produz sobre essa estrutura, essa composição e essa funcionalidade. Quem não entender que a natureza ocupa um espaço com diferentes características climáticas e de solo, onde vivem animais e vegetais muito diferentes e que dependem do meio ambiente, e que o homem, por processos econômicos, sociais e culturais, através da história, interferiu e interfere na herança que recebeu da natureza, não tem condições de ser um educador ambiental por inteiro.
O que se critica é o caráter simplório que se pretende para a educação ambiental. Às vezes, as pessoas sobem numa árvore para impedir que ela seja derrubada, mesmo que esteja apodrecendo, e não se dão conta de que precisam defender a mata onde se localizam os mananciais da sua cidade.
Grande parte dos problemas encontrados no Meio Ambiente não está na falta de políticas ambientais, mas na falta de informação e conscientização de cada cidadão. Pessoas informadas e conscientes são capazes de contribuir para uma mudança no cenário do planeta, permitindo reduzir o impacto causado pelo homem na natureza, utilizar recursos renováveis, preservar e recuperar o ambiente e sua biodiversidade.
Pouca gente, hoje, discorda do fato de que a educação ambiental deve entrar de vez na escola. Do anônimo ambientalista até os ministros da área, muitos defendem a necessidade de incluir a matéria nos currículos escolares. O maior problema ainda é saber como, exatamente.
Deve ser uma disciplina obrigatória, independente? Ou navegará por todas as outras, já que educação ambiental é evidentemente interdisciplinar? O que deve ser ensinado? Aliás, nisso também não há consenso. Pais e educadores devem pensar sobre o assunto, que é muito sério e urgente.