Dia a dia

Dia a Dia

12 de setembro de 2023

DÉCIO MARTINS CANÇADO

Mídia, educação e escola

Hoje estamos falando de uma relação que faz parte do nosso cotidiano, mas que nem sempre é percebida muito claramente: a relação entre mídia, educação e escola.

Ao rever meus arquivos, deparei-me com uma interessante palestra proferida pelo Jornalista Dídimo Paiva, em um Encontro de Escolas Mineiras, decidi então torná-la pública através desta coluna, pois, como as demais que tenho escrito, sempre procuro trazer à baila, assuntos diversificados que possam servir de reflexão, análise e debates, para que assim, todos nós, pais e educadores, tenhamos condições de rever paradigmas, escolher novos caminhos e, por que não, reavaliar nossas ações, no sentido de colaborar na construção de um mundo melhor, e de sermos mais felizes e eficazes.

Por falar em mídia, quero parabenizar todos os Jornalistas, reconhecendo a importância e o desvelo desses profissionais, responsáveis por tantas informações úteis para a comunidade. Vamos ao texto: “Quando Henriqueta Lisboa falava do dever de cada um preservar a fé no poder da palavra, referia-se à verdadeira, àquela que flui, como orvalho para dar vida à planta, não das palavras manipuladas ou subjugadas ao Estado, partidos, empresas, ideologias, religiões e intelectuais, que fazem do “sim” um “não” e vice-versa, nessa labuta indormida da “inkomunikação”.

Todos nós sofremos o impacto da disputa de poder. Mas os professores e os jornalistas devem ter sofrido e continuam sofrendo muito mais. Os jornalistas, porque os veículos em que eles trabalham são dominados pela “necessidade de comunicação” (publicidade, propaganda, audiência, etc.) da economia dominante. Os professores porque ficam impotentes para exercer qualquer influência sobre seus alunos, devido à força da informação que vem de fora da escola, dos lares e do mundo em que eles vivem.

O cidadão comum é agredido, diariamente, por três mil mensagens, sem se dar conta disso. A verdade-mentira entra por seus olhos, ouvidos, pele, sentidos, pois é obvio que, quem comunica, quer que o cidadão seja um permanente “comunicado”. O emissor é uma espécie de ‘demônio’, que quer porque quer aprisionar o receptor. No meio dos dois, a mensagem.

Hoje a mídia eletrônica “forma” o caráter do brasileiro. Pode-se dizer que ela se transformou numa poderosa INSTÂNCIA PEDAGÓGICA. Qualquer repórter de TV fala a 10, 20, 30, 50 milhões de pessoas. O maior comunicador de todos os tempos – Jesus Cristo – mal conseguia falar a duas mil pessoas. A telinha das oito é o novo oráculo.

Claro que a escola sofre o impacto dos novos ‘educadores’ que se utilizam dos meios modernos, eletrônicos. Daí o desprestígio do professor, que começa pelo salário que recebe ao fim do mês, com poucas e honrosas exceções. O que vem por aí é uma loucura.

A Internet põe todo o mundo na casa de cada um, se todos tiverem dinheiro para comprar os mais modernos instrumentos da parafernália computadorizada. Perspectivas? A de cada vez maior concentração de riqueza e poder em poucas mãos: 10 ou 15 países do Norte.

Parafraseando H.G. Wells, pode-se dizer que a história humana se transforma, cada vez mais, numa corrida entre a comunicação e a catástrofe. O emprego responsável e equânime dos instrumentos da comunicação é vital para assegurar que a humanidade venha a ter mais que história: que nossos filhos e nossos alunos tenham futuro.

Democratizar e humanizar a escola, eis a grande questão. Democratizar e humanizar a mídia, eis o desafio. Vamos nos dar as mãos para a caminhada? E vamos fazer tudo em comunidade. Nisto reside a força do “PLURAL”, ou seja, um conjunto de ‘EUS’ pode formar um ‘NÓS’, concertando, como numa orquestra, um compromisso de libertação.

Se nós, pais de família, professores, diretores, especialistas, funcionários, além dos políticos, quisermos, poderemos melhorar o Brasil.”
Nossa fé em mudanças é inabalável. Nossa certeza de que depende de cada um de nós é inquestionável. Nossa esperança de que, através da educação, iremos conseguir, é o que nos impulsiona e motiva a não esmorecer em nosso trabalho do dia a dia.