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Dia a Dia

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Aída Curi, vítima de curra – Parte 2

Informações sobre os envolvidos: Ronaldo Guilherme de Souza Castro, Cássio Murilo Ferreira e o porteiro Antônio João de Sousa. Ronaldo, natural do Espírito Santo, morava no Rio de Janeiro, estava com dezenove anos de idade na época. Era de uma família tradicional e tinha uma fama nada lisongeira nem na vizinhança e nem na escola. Era mau aluno, com notas muito baixas e foi reprovado nos colégios em que estudou.

Foi expulso de escolas, foi acusado de várias agressões e ainda acusado do furto de um veículo que pertencia à Secretaria de Agricultura. Quando prestou serviço militar no Exército chegou a ser preso por indisciplina e atitudes desonrosas. Num depoimento de uma prima sua, Mariza Eneider Castro, ela chegou a contar que ele a fez passar por vexames em várias ocasiões. Além de tudo, ele era ladrão e devasso.

Deixando de lado os roubos em família, ele foi autor de um roubo de jóais e dinheiro em uma pensão na Lagoa Rodrigo de Freitas. Foi descoberto por esse crime, mas o dinheiro de seu pai falou “mais alto” e as vítimas sendo indenizadas. A prima ainda conta que, na cidade de Vitória, no Estado do Espírito Sando, uma certa vez, seu primo tentou entregá-la pela quantia de 20.000 cruzeiros (dinheiro da época) a um camarada com apelido de Mãozinha.

A metade do dinheiro, 10.000 cruzeiros, seria para seu primo, a outra metade seria para ela. Diz ela, também, que o pai do primo, acobertava todos os erros e crimes do filho, subornando as pessoas. Ainda contou que só não revelou, antes, os fatos que conhecia, por conta dos pedidos dos pais do rapaz. Todavia, se sentia culpada por não ter revelado, anteriormente, tudo que sabia. Doeu a consciência!

Cássio, ainda menor de idade, era sobrinho do síndico do edifício. Sua história, também, não era nada invejável. Foi expulso do Ginásio do Alferes, por conta de comportamento inconsequente. Foi expulso de outra escola por tentar levantar as saias das garotas. Já tinha, também, tentado roubar uma lambreta, arrombando a porta de um prédio vizinho ao que ele morava. Apenas por esses desvios, se é que não houve outros mais, já deu para perceber que bom caráter ele não era. Sua sorte, é que era menor de idade na época do crime.

Antônio, tinha 26 anos de idade, na época do crime. Era porteiro do Edifício Rio-Nobre, situado em Copacabana, um dos mais famosos bairos da cidade do Rio de Janeiro. Pelo que já contamos aqui, na parte 1 deste texto, há pouco informação sobre ele. Alega-se que sumiu no mundo, nunca mais foi visto e nenhuma notícia se soube dele. Foi condenado, mas evaporou-se, escafedeu-se. Se tinha algum protetor que o ajudou ou sumiu por conta própria, ou ainda foi queima de arquivo sem deixar vestígio algum, ninguém sabe.

Alguns detalhes do acontecimento: no dia 14 de julho de 1958, Aída Curi caminhava com uma colega pela Rua Miguel Lemos. Ela havia saído do curso de datilografia da Escola Remington (marca de máquina de escrever). As duas foram abordadas por três rapazes. Eram os três já citados e envolvidos no crime. Num momento, Aída se afastou da amiga e foi recuperar alguns objetos que lhe foram tirados pelos jovens.

Eram seus óculos e sua bolsa, com o dinheiro para a condução. Eles queriam usar os objetos para atraí-la ao prédio, o Edifício Rio Nobre, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Na época, tal violência sexual era conhecida como “curra”. Conforme algumas testemunhas, a moça foi puxada para dentro do elevador aos gritos, sendo levada ao topo do prédio. Um noticiário da época informou que ela foi levada ao décimo segundo andar, ainda não terminado, em fase de acabamento, e que lá ocorreu a imobilização da moça, após lutar com os agressores. O porteiro ajudou os outros dois.

Durante, no mínimo, trinta minutos, ela foi espancada com violência e ainda tentaram estuprá-la. Por conta do espancamento, ela teria desmaiado. Jogaram seu corpo, simulando suicídio.
Como afirmam haver testemunhas vendo o sequestro da moça e em pleno bairro de Copacabana, numa avenida conhecida, será que nhenhuma dessas testemunhas poderia ter chamado a polícia? Telefonar, na época, era complicado, não sei se já havia “orelhões” e o celular ainda não existia.

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com

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