Dia a dia

Dia a Dia

21 de agosto de 2023

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Um terceiro provérbio português

“Onde reina a força, o direito não tem lugar”. O homem sempre teve a tentação de vencer pela força. Chega até a treinar os músculos para mostrar sua superioridade. Mais: arma exércitos para garantir a paz; os latinos até tinham o provérbio: Se queres a paz, prepara-te para a guerra. Quantas vezes tem acontecido na história de todos os países que alguém, ou um grupo, toma o poder pela força e de imediato modifica a Constituição, que é a Carta Magna dos direitos dos cidadãos.

Volta e meia na Sagrada Escritura se pede que prevaleça o direito sobre a força. Onde e quando predomina o direito, teremos uma comunidade em ordem e progresso, lema, aliás, da bandeira brasileira. Onde comanda o direito há ambiente para a paz. – Frei Clarêncio Neotti, OFM – folhinha do dia 27 de agosto de 2023 – do calendário “Sagrado Coração de Jesus”, da Editora Vozes Ltda., de Petrópolis. cneotti@yahoo.com.br

Outro provérbio português colhido pelo frei. Aliás, assunto sempre atual, pois a história da humanidade não nega tal verdade. Sempre foi assim no passado e continua nos dias atuais. Não só pessoas tentam resolver tudo pela força, contra outro ou outros, mas também, grupos de pessoas ou populações inteiras sempre tentando dominar outros grupos ou populações pela força bruta, deixando a razão de lado.

Os homens sempre foram tentados a dominar os outros usando a força, deixando a razão e argumentos de lado. Os animais irracionais usam a força, a esperteza, a astúcia contra suas presas, mas para que possam sobreviver, para preservação da espécie. No caso dos animais racionais, os humanos, a impressão que se tem é que usam a força, para que possam provar superioridade, para dominação, exercício do poder, ambição e ganância. Em muitos casos, não hesitam em matar. É o caso das revoluções e guerras que sempre existiram e continuam ocorrendo pelo nosso planeta.

Muitos praticam até exercícios para terem um corpo mais sadio e forte, para que possam usar a força sobre os outros.
Os homens constituem exércitos para garantir a paz, lembrando o provérbio latino que diz ser preciso estar preparado para a guerra, caso se almeje a paz.

Como diz o frei, sempre que um grupo consegue tomar o poder em um território ou país, o primeiro passo é promulgar uma nova Constituição que possa servir aos interesses de dominação desse grupo. São várias as formas de poder e governança existentes no mundo. Algumas são realmente perversas, escravocratas, de dominação total. Nelas, nenhuma pessoa tem sequer o direito de pensar. Elas só conseguem se manter no poder porque corrompem as forças militares ou de segurança que lhes dão apoio total.

A Carta Magna de um país, de uma nação, conhecida também como Constituição, é a que garante os direitos dos cidadãos, mas como já dissemos, nos regimes ditos totalitários ela é redigida conforme os interesses da classe dominante, os direitos são restritos, exíguos. Num país de regime livre, democrático, os direitos são amplos, mas não significa que não haja obrigações do cidadão para com o seu país e com seus semelhantes.

O frei esclarece que na própria Bíblia Sagrada, na Sagrada Escritura, há inúmeras citações demonstrando que o direito deve prevalecer sobre a força. Afirma ele que onde prevalece o direito, o que é correto, não há lugar para a aplicação da força, a comunidade viverá em paz, em ordem e progresso. Ainda nos lembra do lema constante na nossa bandeira brasileira na qual está bem escrito e bem claro: “Ordem e Progresso”. E reafirma ainda, onde predomina o direito, o que é certo, há lugar para a paz.

Infelizmente, o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, deveria, ao menos, se aproximar também das virtudes de Deus. Muitos de nós, que deveríamos ter virtudes, ignoramos o lado bom do ser humano e deixamos nos levar por sentimentos mesquinhos, ambições desenfreadas e desejos de predominar sobre os outros, custe o que custar.

Deixamos a razão de lado, como já afirmamos. Por impulsos, geralmente, diabólicos, massacramos nossos semelhantes. Pisamos em cima dos mais fracos para que possamos provar nossa superioridade, satisfazendo o nosso ego. Pensamos ser fortes, na verdade, somos muito fracos, pois estamos desprovidos de humanidade, desejando ser o que não somos.

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: e-mail: lgwintherdecastro@gmail.com