LUCIANA KOTAKA
Você está realmente comprometido com a sua felicidade?
Se existir um tema bem complexo para discutirmos com certeza é sobre a felicidade, porque cada pessoa a entende de acordo com a sua própria percepção, e com certeza esse é o grande diferencial que faz com que muitas pessoas se frustrem.
A questão é que somos constantemente bombardeados pela mídia que é programada para aguçar os nossos desejos, o que nos deixa vulneráveis diante estratégias inteligentemente planejadas. Ficamos cada vez mais ansiosos diante tantas possibilidades, perdemos o controle das nossas emoções e vamos criando a ilusão de que a felicidade está em algum lugar ou objeto fora de nós.
O fato é que ao tomarmos como verdadeiras essas promessas de felicidade mergulhamos em um profundo abismo, e facilmente nos perdemos na crença de que precisamos de algo ou alguém para nos sentirmos felizes. Não me surpreende que a busca por terapia tenha aumentado assustadoramente nos últimos anos, o vazio, a vida sem sentido e a falta de alegria mostram os sintomas de uma sociedade adoecida.
A facilidade que temos de entrar no celular e realizar compras nos proporciona uma falsa alegria momentânea, mesmo que por pouco tempo sentimos a sensação de plenitude. Mas em algum momento começamos a nos sentir incomodados, a angústia aparece e a ansiedade nos leva a comprar ainda mais.
Aos poucos vamos percebendo que não conseguimos mais esconder a nossa infelicidade de nós mesmos. Nada mais faz sentido, nada traz satisfação, e novamente recomeçamos a busca no externo, então o foco vai para o corpo, nos cílios, nas unhas alongadas, lábios preenchidos, os peitos turbinados ou no carro top do momento.
Não somos educados para falar de sentimentos, não aprendemos sobre a importância de acolher as nossas dores e angústias, e quando nos deparamos com momentos desafiadores muitas vezes simplesmente ignoramos e seguimos em frente. Ao ignorarmos os nossos sentimentos seguimos a vida colocando amortecedores para dar conta do que insistimos em não olhar e resolver.
E é aqui que os problemas começam, o abuso de álcool, cigarros, internet, pornografia, comida, compras, etc. Toda vez que insistimos em ignorar o que sentimos teremos comportamentos de suprimir as emoções que sentimos, o que pode impactar diretamente na saúde física e emocional.
A questão é que quando ficamos presos nesse círculo vicioso não conseguimos enxergar que a felicidade é um estado interno que construímos a partir da mudança de perspectiva da vida. Eu virei a chave quando comecei a entender que meu olhar era muito negativo, eu insistia em olhar o copo vazio quando na verdade estava cheio.
É claro que tinham muitas experiências das quais eu estava presa, aprendi desde pequena que viver era difícil, triste, e mudar a perspectiva sobre toda essa experiência exigiu muito comprometimento com a minha saúde mental. A psicologia positiva, a espiritualidade, o poder da presença e a gratidão foram os grandes mestres nesse processo.
O mais importante é compreendermos que somos os responsáveis pelo nosso estado de felicidade, que não podemos e nem devemos projetar fora, porque é preciso tomarmos na mão esse processo. A sensação de falta de abundância e prosperidade se dá pelo fato de olharmos fixamente para o copo vazio, sendo que na verdade o simples fato de acordarmos todos os dias é um motivo para nos sentirmos agradecidos. Ao entendermos que mesmo em meio a turbulências a vida é como deve ser, que são os pensamentos que acreditamos serem verdadeiros que acabam por direcionar a nossa vida, mudemos.
A prática diária da gratidão todo final de dia, a oração que nos permite conectar ao nosso coração, a lembrança de que somos potencialmente perfeitos são ferramentas que nos auxiliam na busca de uma vida com propósito. O estado de presença nos permite entender que o que pensamentos vêm e vão e que não devemos nos apegar a eles, afinal não somos o que pensamos, a menos que você se identifique com eles.
Sendo assim, quando nos dispomos a cuidar do que nos adoece e que nos tapa a visão, começamos a entender e sentir a vida de outra forma, e com muita responsabilidade saímos em busca de caminhos que nos aqueçam o coração de verdade.
LUCIANA KOTAKA, comportamento, saúde e obesidade