Dia a dia

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7 de agosto de 2023

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Duo Irmãs Celeste

O site Recanto Caipira – “A Maior Biblioteca Virtual da Música Raiz” nos informa sobre o Duo Irmãs Celeste. Há outros com informações sobre a dupla e, como sempre, uma ou outra informação meio desencontrada, mas que não afeta o principal.
Diva Araújo e Geysa Araújo eram duas irmãs nascidas em Minas Gerais, na cidade de Sacramento.

Apenas para lembrar, a mesma cidade onde nasceu o padre Vitor Coelho de Almeida (1889 – 1987), da Congregação do Santíssimo Redentor e que fez seu apostolado em Aparecida (do Norte), na Basílica de lá e na Rádio Aparecida. Hoje, há um processo para beatificá-lo.

Bem, Diva, criança ainda, cantava em programas de rádio da cidade de Uberaba. A família foi morar lá.
Anos após, morando em São Paulo, Diva passou a cantar no programa do José Rosa, na Rádio Nacional. Logo depois, formou dupla com sua irmã Geysa. Por serem bastante afinadas, elas conquistaram logo o público e Blota Júnior, famoso radialista e apresentador de programas artísticos, na época, levou a dupla para cantar na Rádio Record.
Por serem as duas muito bonitas, elas não só fizeram sucesso pelos dotes musicais, mas, também, foram ‘apelidadas” de “As Bonecas que Cantam”.

Foi nessa época que ficaram conhecendo o já famoso acordeonista italiano, radicado no Brasil, Mario Giovanni Zandomeneghi, conhecido como Mário Zan, que é o progenitor da não menos famosa hoje, Mariângela Zan, também compositora e cantora, com programa de músicas sertanejas na TV Aparecida, com bastante sucesso.

Mário Zan passou a ser o empresário das irmãs que adotaram o nome artístico da dupla como Duo Irmãs Celeste. Elas gravaram, em 1957, o primeiro disco de 78 rpm com a valsa “Cantando” e um rasqueado com o título de “O Trem Apitou”. Aliás, a palavra “trem” é usada e abusada no linguajar do mineiro. Por exemplo: “Pega meus trem aí e coloca ali naquela coisa.” Aliás, tudo bem explicadinho!

Com o sucesso explodindo, a dupla passou a se apresentar pelo país todo. Em1958, as irmãs gravaram mais um disco com a valsa “Calendário da Vida” e outro rasqueado “Nova Flor (Os Homens Não Devem Chorar). As músicas gravadas fizeram enorme sucesso. Foram regravadas por outros artistas e até no exterior.

Em 1958, o duo ainda gravou “Alvorada Tupi”. Foi um ritmo criado por Mário Zan e Nonô Basílio. Foi a primeira tupiana gravada. Nonô também era mineiro de Formiga (1922-1997). Dois de seus filhos lecionam música em Varginha ou Pouso Alegre, não estou bem lembrado. Fomos acompanhados por um deles, minha esposa e eu.

Durante mais seis anos a dupla continuou se apresentando, gravou 8 LPs e depois não mais existiu. Geysa casou-se com Mário Zan, seguiu carreira sozinha e cantou até na Alemanha. Anos após, separou-se de Mário Zan e abandonou a carreira, é o que consta.
Diva ficou na carreira, foi contratada pela Rádio São Paulo e ali foi cantora e atriz de rádio (radioatriz, é quem participa de radioteatro; em outras palavras: radionovelas)

Na televisão, atuou na TV Record, na TV Tupi e participou das novelas “O Punhal de Prata”, “A Fábrica” e “O Hospital”. Ainda participou da revista “No País dos Bilhetinhos” e cantou em boates como “crooner”.

Geysa gravou muito e foi considerada uma das mais belas vozes do cancioneiro popular. Consta que cantava desde criança também. Dizem que possuía uma extensão de voz excepcional, chegando a ser comparada a Yma Zumac. Esta foi uma cantora peruana com voz de soprano coloratura (voz de soprano ligeiro, bem aguda) e era considerada um fenômeno pela extensão vocal que possuía. Nascida Zolla Emperatriz Chavarri Castillo (1922-2008).

Em 01/01/2011, Geysa faleceu em Sorocaba, SP, vitimada por parada cardiorrespiratória, aos 74 anos de idade. Segundo consta, morava com uma filha. Mariângela não era filha sua, é filha de outra esposa de Mário Zan. Diva falaceu pouco depois, em 2014.
Duas belíssimas vozes se calaram e estavam no esquecimento. Na internet há muitas gravações suas no Youtube. Não sei se Geysa estudou canto ou era um dom natural. Era espetacular mesmo!

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: lgwintherdecastro@gmail.com