PEDRO FRANCISCO
Dia Mundial da Água
Qual a responsabilidade das empresas quanto ao uso consciente da água?
Estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o dia 22 de março é dedicado a levantar reflexões sobre o recurso mais valioso e importante do nosso planeta: a água. O maior patrimônio da Terra possui finalidades que vão além de suprir necessidades básicas para os seres vivos, afinal, a água também desempenha papéis importantes em setores como agricultura, urbanismo, indústria e produção.
Por mais que a água corresponda a 70% da superfície do planeta, é preciso levantar discussões sobre como podemos melhorar o consumo de maneira consciente não apenas no nosso dia a dia, como também na operação das empresas, pois por mais acessível e barato que o recurso seja em determinadas regiões, ele é finito.
Estudos realizados pela Agência Nacional da Água (ANA), mostram que o setor agrícola é o maior consumidor de água no Brasil, responsável por 49,8% do total. Em seguida há o abastecimento urbano, com 24,3%; e a indústria, com 9,7%. A ANA prevê ainda que o consumo de água no Brasil deve crescer 24% até 2030. Um dado mais agravante levantado pela ANA mostra também que quase 40% da água potável produzida no Brasil, suficiente para abastecer 63 milhões de brasileiros, é desperdiçada.
Para reverter essa situação preocupante, o primeiro passo deve ser tomado pelas empresas que correspondem aos setores que mais utilizam os recursos hídricos. A conscientização deve ser uma constante nesse meio, sempre buscando a redução e o consumo consciente em suas operações.
As companhias que possuem planejamento em relação ao consumo da água também conseguem usufruir de vantagens que vão ao encontro de seus interesses mercadológicos, afinal atitudes como o reuso da água e os cuidados com os efluentes podem surtir impactos extremamente positivos para períodos de seca, além de evitar problemas judiciais que podem causar prejuízos econômico e na reputação da marca.
Há diversas ações de conscientização e cada vez mais empresas têm entendido sua responsabilidade quanto à economia de água. No entanto, muito ainda pode ser feito, e a junção de esforços privados e públicos pode ser a potência motriz para que alcancemos resultados ainda mais significativos. Questões relacionadas à prática ESG estão há tempos pautando as decisões de muitas companhias e isto tem sido fundamental para as mudanças refletidas no consumo consciente de água nos processos de produção e fabricação de alimentos e produtos.
São muitas as alternativas disponíveis para que empresas busquem reduzir seu impacto no consumo de água. Um deles é entender como este recurso é usado nas empresas e em quais setores ele pode ser reaproveitado. A manutenção de equipamentos também é fundamental para evitar que seja utilizada mais água do que o necessário em algum processo. Reparos frequentes também ajudam a evitar vazamentos e desperdícios.
A recirculação e o reaproveitamento, como já sabido, são formas extremamente eficientes de se economizar água não só em nossas casas, mas especialmente nas empresas. Por fim, a captação de água da chuva também pode fazer a diferença na rotina das empresas. Juntas, essas práticas têm potencial para impactar positivamente não só o meio ambiente, mas também os cofres das companhias.
Por fim, por mais que devamos continuar nos empenhando em reduzir o consumo de água no dia a dia, adotando práticas como banhos rápidos, não lavar o carro com mangueira, escovar os dentes com a torneira fechada e tantos outros aspectos aos quais sempre somos orientados, devemos também nos posicionar e cobrar grandes empresas para que estas realizem o tratamento adequado da água e atuem como agentes fundamentais na jornada de preservação deste recurso.
PEDRO FRANCISCO, COO da Projesan Water & Co. O executivo possui mais de 10 anos na empresa, que é especializada no tratamento de água no segmento B2B.