15 de maio de 2025
Entidade, que atende crianças e adolescentes no bairro Cohab, oferece aulas de capoeira, teatro, música, dança, informática, pintura, dentre outros projetos / Foto: Reprodução
Carlos Renato
PASSOS – A Associação Deus Proverá corre risco de fechar as portas no mês de julho. A declaração foi dada pela presidente da entidade, Letícia Leandra de Oliveira. Ela alerta sobre a falta de verba para o pagamento de aluguéis e pela demora no trâmite da doação de um terreno para a construção da sede própria. A Deus Proverá atende cerca de 120 crianças e adolescentes no bairro Cohab, em Passos.
“Se os recursos que o município está direcionando para as instituições não chegarem para nós até o mês de julho, vamos precisar parar. Não temos recursos próprios para manter as atividades que oferecemos”, afirma Letícia.
Segundo a presidente da associação, a entidade passa por problemas financeiros desde a fundação. “Conseguimos manter as atividades com recursos de emendas parlamentares e repasse da sobra da Câmara. Mas não temos recursos fixos da prefeitura, o valor que recebemos de repasse, montamos um projeto e executamos. Infelizmente, esses recursos não mantêm todas as atividades da instituição”, aponta.
Por conta disso, o principal objetivo da entidade é a construção de uma sede própria, para diminuir os custos com aluguéis e focar nos projetos sociais desenvolvidos para os usuários.
Segundo Letícia, o terreno pleiteado, que fica abaixo do ESF Vila Betinho, na rua Estevam Parente, no Penha II, deve melhorar e o ampliar o atendimento a crianças e adolescentes dos bairros no entorno.
“Já encaminhamos um ofício solicitando essa área, que é próximo onda funciona provisoriamente a instituição. O que foi passado é que iriam ser feitos os procedimentos para a cessão do terreno. Após a juntada de toda a documentação necessária, a administração nos informou, no ano passado, que não poderia enviar o projeto à Câmara, por ser ano eleitoral. Novamente procuramos o gabinete no início deste ano, e informaram que precisará realizar um chamamento público, algo que disseram antes que não precisaria”, afirma.
“Com isso, perdemos tempo e estamos sem resolver essa pendência burocrática. Já estamos em maio e nada de edital publicado”, diz Letícia sobre a demora e a burocracia para concretização da doação do terreno.
Segundo ela, a associação funciona atualmente em um barracão improvisado na rua Antônio José Adão, na Cohab, o que tem gerado custos com aluguéis e não atenderia todas as demandas de espaço dos projetos ofertados.
“Estamos neste local que foi cedido, por apenas dois anos, tempo para a construção da sede própria, que ainda não aconteceu. Em 2023, a prefeitura fez um compromisso de pagar o aluguel para a associação, mas por apenas um ano. Conseguimos pagar o aluguel até outubro do ano passado. Quando eu procurei o município para renovar, disseram que tinha que enviar um projeto de lei para a Câmara”.
“Estamos sem pagar aluguel desde então, e não há movimentação do poder público para tentar resolver essa situação. Já estamos em débito com o proprietário do imóvel”, lamenta.
Além da demanda pela sede própria, a presidente reforça que a entidade busca melhorar a oferta e a manutenção dos projetos sociais. “Muitos gestores públicos reforçam que nunca as instituições receberam tanto recursos. Mas eles esquecem que nós trabalhamos com políticas públicas, onde exercemos um papel dentro da sociedade em locais onde o poder público não chega. Estamos em uma comunidade que é carente e demanda de serviços, por viver em um ambiente de vulnerabilidade social muito grande”, ressalta.
“Não temos somente a necessidade de pagar os aluguéis, precisamos da sede própria para atender toda a demanda que existe nessa região. A associação não só presta um serviço social, ela também salva vidas. Temos relatos de mães de adolescentes que tentaram suicídio e que após começarem a frequentar nossas atividades mudaram de vida”, destaca Letícia.
A Associação Deus Proverá atende cerca de 120 crianças e adolescentes há mais de 19 anos em Passos, onde oferece projetos sociais, como capoeira, teatro, música, dança, informática, pintura, customização e educação emocional. Além disso, cerca de 40 mulheres participam de aulas de dança do ventre e de artesanato na entidade, que é uma ONG.
A equipe de apoio é composta por 12 colaboradores, sendo um orientador social, uma recepcionista, uma de serviços gerais, além dos professores das oficinas.
A Prefeitura de Passos foi procurada, mas, até o fechamento desta matéria, não se manifestou sobre o assunto nem sobre o andamento do chamamento público que trata da cessão do terreno. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos.
Fotos: Divulgação