POR PROF. ANDERSON JACOB ROCHA
31 de outubro de 2020
Hoje pela manhã, vi uma postagem que fez uma referência ao nosso processo de comunicação. Havia quatros enunciados. Vou enumerá-los: 1) No calor da raiva, fique em silêncio; 2) Se você não ouviu os dois lados, fique em silêncio; 3) Se você enxerga só defeitos, fique em silêncio; 4) Se suas palavras forem fofoca, fique em silêncio. Não constava autoria, mas, enfim, é uma lição para nós. Por que penso assim?
Em língua portuguesa, é comum darmos muita importância ao lado estrutural dela. Como sempre digo, para aqueles que são escolarizados, essa parte estrutural na qual toda e qualquer língua se organiza para servir de condução para a nossa comunicação, é muito importante. Esse tipo de sabedoria nos adequa para as questões formalizadas da sociedade e coopera para que tenhamos mais raciocínio lógico durante a exposição de nossas ideias no processo de comunicação. Além disso, não podemos esquecer que precisamos ter a consciência das variadas facetas da língua, a fim de construirmos relações que nos permitam uma vida plena e harmoniosa.
Tendo essas premissas em mente, pensei na questão filosófica da ética e os seus valores. Ela possui, claro, grande conexão com a linguagem que usamos. Vejamos o seguinte, a origem da palavra ética é do grego “ethos” que significa “o modo de ser, o caráter. No latim, esse mesmo sentido foi manifestado na palavra “mos”, que é costume e que deu origem à palavra moral. Tanto uma, quanto a outra indicam comportamentos do ser humano que são criados a partir da constituição histórica e social, ou seja, a moral é instaurada a partir de princípios, normas estabelecidas, costumes e valores que dão norte à conduta do indivíduo em relação ao seu meio social.
A função da ética dentro desses padrões estabelecidos, é pensar e estruturar uma teoria, um conhecimento ou ciência capazes de analisar o comportamento moral. Assim, o papel da ética é tentar explicar, obter compreensão, fazer justificativa e analisar com criticidade, as condutas morais da sociedade. Isso posto, digamos que a ética é uma forma de fazer a organização de questões morais utilizadas na sociedade.
Aí, entra o papel da linguagem. De que forma podemos utilizar a nossa língua/linguagem para constituir harmonia em nossa comunicação? Conhecer a estrutura da língua e suas diversas combinações de cunho psicossocial nos dará a chance de entender os porquês do outro, sujeito de nossa interação. Dessa forma, antes de julgarmos qualquer ação moral, precisamos entender como ela se deu, o seu contexto.
Por ser um processo análogo e de observação atenta, temos o que chamamos de ética ou o modo de ser que deve nortear as condutas sociais advindas da moral. Assim, quebrar regras sociais, ainda que veladas, poderiam ser consequência do nosso comportamento ético. O que é mais importante? A essência do ser ou um comportamento com preocupação apenas social? Questões desafiadoras. Quem poderá nos socorrer? As leituras, os conhecimentos de vida e a expressão dos nossos sentimentos mais legítimos. Para uma linguagem ética e com valores, sugiro a leitura sobre comunicação não-violenta. Sigamos.
PROF. ANDERSON JACOB ROCHA. Doutor em Língua Portuguesa (PUC/SP). Autor do livro: A Linguagem da Felicidade