Ataíde Vilela

Com as diversas usinas hidrelétricas que foram construídas no seu leito, o curso do Rio Grande e de seus afluentes sofreu transformações drásticas. Para compensar os impactos ambientais provocados e preservar as espécies nativas de peixes, nasceu um importante projeto: a estação de piscicultura de Furnas. Ela foi construída com a nobre missão de produzir alevinos(peixes jovens) para repovoar os nossos rios afetados pela formação dos diversos lagos de Furnas, Peixoto, Estreito, Porto Colômbia, Marimbondo, Itumbiara, Corumbá, Funil, entre outros.  Conta com viveiros escavados, laboratórios para reprodução artificial, tanques de criação para diferentes fases de crescimento. Foi priorizada a criação de espécies nativas de peixes do Rio Grande, como Curimbatá, Dourado(peixe símbolo de nossos rios), Piau, Pacu, Matrinxã e, outras de grande importância, econômica e ambiental. Todas essas espécies de peixes, são essenciais para manutenção da cadeia alimentar de nossos rios e sustento da pesca artesanal.

Mas, tudo isto, foi perdido! Não existem mais peixes no Rio Grande! A piscicultura foi desativada e abandonada pelo grupo empresarial( o mesmo das Lojas Americanas) que assumiu Furnas! A piscicultura que ajudava na reprodução de peixes, foi abandonada! E os nossos rios ficaram sem peixes! O que foi construído para fazer e compensar, o que a natureza fazia, antes da usina ser construída, foi inutilizado!  Furnas, não cumpre mais, com seus compromissos e obrigações ambientais.  A desativação da piscicultura é muito grave e desoladora !!! Está causando danos ambientais irreparáveis aos nossos rios!

Não tenho procuração e compromisso algum para defender ou elogiar empresas que exploram a geração de energia elétrica no país. Mas, de qualquer forma é muito gratificante, quando iniciativas inteligentes acontecem, servindo assim, como parâmetros, especialmente, em relação aos cuidados e zelo com o meio ambiente. Servem como bons exemplos, a serem seguidos para grupos empresariais nacionais, que assumiram empresas estatais brasileiras do setor elétrico, como o grupo que adquiriu e assumiu recentemente o controle de Furnas/Eletrobrás. Deveria tomar como exemplo, a CGT Brasil – subsidiária da CTG Corporation fora da China, que responde por cerca de 50% dos negócios internacionais. A China Three Gorges Corporation, que foi fundada em 1993 na China e opera a maior hidrelétrica do mundo, a usina hidrelétrica de Três Gargantas, localizada no Rio Yangtze, que originou o seu nome.

A CTG Brasil, uma das principais geradoras de energia limpa no Brasil, reafirmou a sua preocupação em cuidar e zelar do nosso meio ambiente e, reinaugurou sua estação de piscicultura em Salto Grande, São Paulo. Na contramão, e bem ao contrário de todas boas práticas, que vêm sendo realizadas em todos os países do mundo, o grupo nacional, que assumiu e adquiriu recentemente o controle de FURNAS/Eletrobrás, abandonou e desativou a Estação de Piscicultura de Furnas, localizada no município de São José da Barra. Inaugurada em 1975 e assumida pela CTG Brasil em 2017, a estação de piscicultura sedia o Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna, que produz anualmente mais de 3,6 milhões de peixes de espécies nativas das bacias dos rios Paranapanema e Paraná. Desse total, cerca de 1,5 milhão são liberados nos reservatórios das usinas hidrelétricas operadas pela CTG Brasil no Paranapanema (Capivara, Rosana, Taquaruçu, Salto Grande, Chavantes, Canoas I, Canoas II e Jurumirim) e 2,1 milhões nos reservatórios das Usinas Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná.

A CTG Brasil, afirma que, com a expansão para atender não apenas as usinas do rio Paranapanema, mas também as do rio Paraná, novos desafios surgiram, demandando essas adequações. Acrescenta que os peixes, capturados da natureza e aclimatados em tanques de concreto, têm respondido positivamente à reprodução induzida por hormônios, o que contribui para o sucesso do programa de repovoamento. O Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna da CTG Brasil, autorizado pelo Ibama, visa o repovoamento e a preservação da diversidade de espécies nativas nos rios Paraná e Paranapanema. Além da produção de mais de 26 milhões de peixes desde 2016, a estação de piscicultura de Salto Grande realiza pesquisas em parceria com universidades para preservar espécies ameaçadas, como o pintado, e aprimorar a reprodução de espécies com dificuldades em cativeiro, como a piracanjuba. Outras espécies nativas, como curimbatá, pacu e dourado, também são reproduzidas para fortalecer o ecossistema local.

Ataíde Vilela, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016