GUAXUPÉ – Cinco carros foram apreendidos na zona rural de Monte Santo de Minas após o ataque de criminosos a uma agência da Caixa Econômica, o quartel da Polícia Militar e a base da Guarda Civil Municipal de Guaxupé na madrugada desta terça-feira.
O crime, conhecido como Novo Cangaço, aterrorizou moradores da cidade e teve início por volta da 1h45 e, após o ataque, moradores da cidade receberam ligações com ameaças e tentativa de extorsão.
Segundo informações do jornal O Tempo, em coletiva de imprensa na tarde ontem, foi levantada a hipótese de que os criminosos possam ter escapado por rotas de fuga entre o Sul de Minas e o estado de São Paulo.
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Marcos Pimenta, chefe do 18º Departamento de Polícia Civil, todos os cinco veículos do tipo SUV usados pela quadrilha — a princípio, todos eles, clonados — foram abandonados em áreas limítrofes com o estado de São Paulo.
“Ainda não sabemos se foram utilizados outros veículos, mas esses cinco estavam, em tese, se deslocando na direção de São Paulo. São rotas já conhecidas, que saem do Sul de Minas e podem levar até Ribeirão Preto, Franca, Campinas, Guarulhos, Santos…”, afirmou.
O delegado reforçou, no entanto, que se trata de uma hipótese que será testada por meio do trabalho da perícia e das diligências dos demais agentes de segurança. “Ainda é prematuro afirmar essa conexão”, acrescentou.
Representante da Polícia Militar (PM), o capitão Claudiano Pierry, da 79ª Companhia, explicou que, para frustrar a fuga dos suspeitos encapuzados que invadiram a cidade foi montada uma operação com patrulhamento aéreo e terrestre. Segundo ele, duas aeronaves estão sobrevoando, inclusive, áreas do Estado de São Paulo.
“Além disso, contamos com patrulhamento por drones, e equipes da Polícia Rodoviária, Polícia Ambiental e do batalhão da região — incluindo militares convocados durante a folga — estão atuando em terra. Não serão medidos esforços para que os suspeitos sejam responsabilizados”, afirmou.
As forças de segurança municipais e estaduais empenhadas na prisão e investigação do “Novo Cangaço” em Guaxupé informaram que, até a tarde de ontem, nenhuma prisão foi realizada. O número de envolvidos também não está fechado: foram analisados ao menos 15 encapuzados, mas o grupo pode ser muito maior.
Além disso, ainda não foi possível identificar se houve roubo de valores e qual a quantidade levada. Segundo o delegado Marcos Pimenta, essas informações serão disponibilizadas com o avanço da apuração do crime.
Imagens, que circularam nas redes sociais, registraram a ação do grupo criminoso, que cercou parte da cidade e atirou várias vezes. Nos vídeos, é possível escutar o estrondo dos disparos, que ecoou por diversas regiões da cidade. “Guaxupé foi atacada por essas quadrilhas de roubos a banco. Que noite terrível! Acordaram a cidade inteira com os tiros e explosões”, publicou uma moradora nas redes sociais.
Conforme apurou a reportagem do jornal O Tempo, os tiros atingiram a sede da 79ª Cia da Polícia Militar que teve os vidros danificados e os estilhaços acertaram um militar. Durante a ação, os criminosos espalharam armadilhas de metal pelas ruas e avenidas, conhecidas como miguelitos, com o objetivo de impedir a perseguição policial.
Ameaças
Após o ataque, moradores de Guaxupé começaram a receber ameaças por telefone. É o que informou o delegado regional da Polícia Civil, Marcos Pimenta.
“Está acontecendo algo que acho importante reportar. Criminosos ou aproveitadores estão ligando para comerciantes cujos estabelecimentos ficam próximos da Caixa Econômica Federal [local alvo do ataque] e falando que são dessa organização criminosa. Eles pedem R$ 5 mil de pagamento”, disse.
Para Pimenta, as ligações ocorrem porque, nos vídeos que circulam nas redes sociais, é possível identificar os nomes dos comércios e outros pontos. “Ficamos sabendo de um caso em que o ameaçador disse para quem atendeu: ‘Eu sei quem é seu pai. Eu quero R$ 5 mil porque sou da turma. Se não pagar eu vou voltar e te matar. Eu sei que você fica do lado de onde nós devemos ir'”.
Caso algum morador receba tal ligação, o delegado orienta sobre o que deve ser feito. “As imagens do fato pulverizaram no Brasil inteiro, dentro de presídios, em organizações criminosas e entre aproveitadores. A população de Guaxupé e região não precisa ter medo se receberem as chamadas. Desligue o telefone. Caso sinta necessidade, acione as polícias Militar ou Civil. Mas saibam que isso é trote. É só desligar e bloquear o número”, complementou.
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