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Comunidade rural critica diocese por negociação de área 

10 de setembro de 2024

A CAPELINHA DO ITAJUÍ EXISTE HÁ MAIS DE 73 ANOS EM MEIO ÀS BELEZAS NATURAIS DO VALE DA GURITA;/ Foto: Reprodução

Ézio Santos

DELFINÓPOLIS – A Diocese de Guaxupé, sem oficializar à comunidade da região rural da Gurita, distante 30 quilômetros de Delfinópolis, com acesso por estrada de terra batida, tomou a decisão de vender os cerca de sete hectares no entorno da capelinha da padroeira Nossa Senhora das Graças. Os moradores das fazendas, sítios e chácaras próximos do local estão revoltados e não concordam nem mesmo com o desmembramento.

Sem ao menos solicitar o pároco de Delfinópolis que avisasse a uma das famílias sobre a negociação, e o nome de quem está interessado na compra da área, dia 4 de junho, um engenheiro civil, contratado pela diocese para medir corretamente o tamanho das terras que pertencem à circunscrição eclesiástica episcopal de Guaxupé solicitou ajuda ao vizinho mais próximo da capela. A partir daí, 90% dos moradores da Gurita se revoltaram e até um abaixo-assinado online foi lançado, solicitando a assinatura contrária à venda das terras.

Nos últimos três meses, Denia Cristina Lopes, moradora do Vale da Gurita, passou a tomar conhecimento da negociação com Ana Maria Mendonça, uma das assessoras do bispo dom José Lanza Neto. Diante da repercussão do abaixo-assinado nas redes sociais, a diocese publicou no site nota afirmando a comercialização dos sete hectares, porém a utilização da capelinha de modo algum prejudicará a comunidade para celebrações e eventos. A reportagem tentou contato com Ana Maria e o padre local, e ambos decidiram não se pronunciar.

Empreendimentos

Denia, que está à frente dos interesses da comunidade, disse que ninguém aceita a venda das terras, nem mesmo isolando o entorno da capelinha.

“Se isso acontecer mesmo, vai acabar uma tradição que dura mais de 70 anos. Ninguém sabe o motivo da negociação. A nossa fé católica, que será abafada, o comprador que o local seja transformado em pousadas, hotel-fazenda, restaurante e outros empreendimentos turísticos por causa da beleza natural deslumbrante. Com o passar dos anos vão descaracterizar tudo lá”, lamentou.

“De uns anos para cá, é raro ter missas na capelinha. Se não fosse a comunidade se unir e reformá-la há nove anos com doações e a mão de obra de todos os moradores da Gurita de baixo, do meio e de cima, ela talvez teria parte desabada no chão. Lá tem ainda a Casa Paroquial, atrás dela, e um local para festas como quermesse. Ao invés de vender, a diocese deveria colocar um padre à disposição da comunidade para vir celebrar periodicamente missas, promover eventos para manter a capela sempre cuidada”, disse Denia.

Capela do Itajuí, palavra indígena da língua Tupi, que significa “riacho onde se encontra ouro” ou  “água que corre” sobre pedras, está localizada a centenas de metros do Córrego do Ouro, e foi inaugurada aos 15 de agosto de 1951. Hoje, as chaves ficam guardadas na fazenda do casal Sebastião Ribeiro Lopes e Terezinha Pereira Chagas Lopes.