Destaques Política

Comissão da ALMG discute ataques homofóbicos contra prefeito de Alpinópolis

3 de julho de 2024

AUDIÊNCIA FOI SOLICITADA PELA PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA ALMG, DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL) / Foto: Reprodução

BELO HORIZONTE – Os ataques homofóbicos contra o prefeito de Alpinópolis, Rafael Freire (PSB), que o levou a anunciar a desistência de concorrer à reeleição, serão debatidos em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira, 3.

A reunião será realizada a partir das 16h, no Plenarinho II e tem como base um requerimento apresentado da vice-presidente do colegiado, Bella Gonçalves (Psol).

Segundo informações da ALMG, a audiência vai discutir, as ameaças à vida recebidas pelo prefeito e familiares ao longo de todo o seu mandato e outras formas de violência política LGBTfóbicas no município. A deputada reforça a importância da reunião para que o caso não fique impune.

“Esse tema, que já vem sendo discutido pela Assembleia Legislativa, precisa ter agora o devido encaminhamento pela Comissão de Direitos Humanos. Para que mais esse episódio mereça a devida importância das autoridades, vamos contar com a presença da vítima e dos órgãos de Justiça, para que consigamos finalmente avançar nas investigações e ir a fundo na origem das ameaças ao prefeito de Alpinópolis”, afirma Bella Gonçalves.

Além de Rafael Freire, entre os convidados para a reunião estão representantes do Ministério Público Federal e Estadual, o presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos), Maicon Filipe Silveira Chaves, e o vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia.

Em relatos à imprensa, o prefeito de Alpinópolis conta que os ataques à sua sexualidade acontecem desde que assumiu o cargo, em 2021. Freire também denuncia a campanha de linchamento virtual e difamação promovida desde então por seus opositores em grupos de WhatsApp.

“Este é um problema crônico no Brasil. Nosso País precisa de uma postura séria. Não dá mais para varrer a homofobia para debaixo do tapete”, afirmou, em entrevista.

“Vocês venceram. Pela minha família e pela minha saúde mental, estou retirando a minha pré-candidatura à reeleição como prefeito. Cansei de lutar sozinho e não tenho mais forças para enfrentar o ódio, o preconceito e a sujeira dos meus opositores”, publicou Rafael Freire em redes sociais ao anunciar a desistência da pré-candidatura.

Após receber manifestações de apoio e da abertura de investigação para apurar os ataques, o prefeito anunciou que pretende disputar a reeleição neste ano.

“Vamos juntos combater a homofobia, as fake news e violência política. Por enquanto é o que tenho pra dizer, além da minha gratidão por toda essa manifestação de solidariedade”, publicou, logo após a manifestação dos apoiadores.

Um vídeo publicado no dia seguinte com seu pronunciamento feito no mesmo ato traz um histórico de todos os ataques sofridos desde seu primeiro ano de mandato. Segundo o prefeito, os autores de alguns desses atos violentos já foram identificados e detidos pela polícia, mas foram liberados e continuam livres e impunes, mesmo após a invasão da casa dos seus pais em plena luz do dia.

No mesmo vídeo, o prefeito defende a aprovação de legislações, em âmbito estadual e federal, que criminalize a homofobia, as fake news e a violência política.

“O meu recuo não foi uma fraqueza. Foi a única arma que eu tinha para lutar contra tudo o que estava acontecendo. Nem que seja a última coisa que eu faça na vida, eu vou atrás dessa quadrilha e vão responder por seus atos”, afirmou.