BELO HORIZONTE – A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza nesta segunda-feira, 2, um debate público sobre a necessidade de medidas de preservação da biodiversidade do Cerrado.
De acordo com informações da ALMG, o debate foi solicitado pelas deputadas do PT Beatriz Cerqueira e Leninha, 1ª-vice-presidenta da ALMG. A programação terá início às 9h, com uma mesa de abertura e prosseguirá até o fim da tarde.
Considerado a caixa d’água do Brasil, o Cerrado abriga nascentes ou leitos de rios de oito bacias hidrográficas dentre as 12 que existem no País. O Rio São Francisco, por exemplo, tem mais de 90% de suas nascentes situadas nesse bioma.
Conforme o do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Cerrado é também uma das regiões com maior biodiversidade do mundo. Estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves.
É o maior bioma de Minas Gerais, aparecendo especialmente nas bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha. Nesse bioma, as estações seca e chuvosa são bem definidas. A vegetação é composta por gramíneas, arbustos e árvores.
Também abriga povos e comunidades tradicionais, que dependem diretamente de sua biodiversidade para manter seus modos de vida, trabalho e renda. De acordo com o ICMBio, o Cerrado é um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo, ao lado da Mata Atlântica.
Desmatamento
Dados da plataforma MapBiomas mostram que o desmatamento no Cerrado ultrapassou o da Amazônia em 2023, pela primeira vez em cinco anos de levantamento. O Relatório Anual de Desmatamento foi divulgado em maio deste ano.
Segundo o relatório, o bioma apresentou a maior área desmatada entre as demais, totalizando 1.110.326 milhão de hectares. Em 2022, o total de áreas desmatadas no Cerrado foi de 662.186, o que indica aumento de 67,7%.
Mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no bioma. Com exceção de Piauí, São Paulo e Paraná, todos os outros estados com Cerrado registraram aumento do desmatamento em 2023 na comparação com 2022.
Programação
A partir das 10h, o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas Gerais, Sergio Augusto Domingues, e a professora titular do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília, Mercedes Bustamante, vão participar da mesa sobre o cenário atual do bioma Cerrado em Minas Gerais.
O presidente do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Samuel Leite, e o biólogo e secretário da Comissão Técnica de Meio Ambiente do Conselho Regional de Biologia da 4ª Região, Flávio Fonseca, serão os debatedores.
Após um intervalo, a programação do evento retorna às 14h, com mesa que vai abordar caminhos para a conservação do Cerrado.
Os expositores serão a coordenadora-geral da Rede Cerrado, Maria de Lourdes Nascimento, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador na área de conservação da biodiversidade, Adriano Paglia, bem como o presidente do ICMBio, Mauro Pires.
Como debatedores, foram chamados o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Breno Lasmar, e o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais (Sindsema), Wallace Oliveira.
O professor do Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Rômulo Soares Barbosa, e a integrante da executiva da Campanha Permanente em Defesa do Cerrado, Simone Oliveira, também serão debatedores.